sexta-feira, 29 março , 2024
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Fernando Darci Pitt

Aprovada a nova Base Nacional Comum Curricular

Na última semana, mais um passo importante para o incremento na qualidade da educação brasileira foi dado, pelo menos na teoria, que foi a aprovação, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio. O BNCC fornecerá a orientação para o currículo de todas as escolas públicas e particulares do país, e como tem caráter normativo, ou seja, não precisará de aprovação do Congresso nem de sanção presidencial, somente da homologação pelo Ministro da Educação, e deve entrar em vigor em todos os Estados até 2022.

É bem verdade que desde 2015, quando a primeira versão da BNCC foi apresentada, até o momento da aprovação da versão final no último dia 4, houve muitas manifestações contrárias e a favor, e, com certeza, se a discussão perdurasse por mais tempo não haveria um consenso.
Já abordamos este tema em uma coluna anterior, porém, dada a importância do assunto se faz necessário trazê-lo novamente para que todos tenham ciência do que irá mudar com esta aprovação, e como isso poderá impactar positivamente na formação de nossos jovens no Ensino Médio. Antes de mais nada é pertinente relembrar que até a construção da BNCC, o Brasil não possuía um currículo nacional obrigatório, ou seja, considerando que as únicas disciplinas obrigatórias no ensino médio eram português, matemática, artes, educação física, filosofia e sociologia, cada Estado poderia trabalhar com suas cargas horárias e distribuição de forma diferentes e, assim, os alunos teriam conteúdos que não necessariamente fossem os mesmos.
Uma mudança significativa foi que entre as 13 disciplinas, hoje constantes na matriz curricular do Ensino Médio, apenas o português e a matemática se mantiveram como disciplinas isoladas e ofertadas nos três anos do ensino médio com carga horária obrigatória, as demais passam a ser organizadas como áreas do conhecimento, conforme segue:

• Linguagens e suas Tecnologias (Arte, Educação Física, Língua Inglesa e Língua Portuguesa)
• Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Biologia, Física e Química)
• Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (História, Geografia, Sociologia e Filosofia)

A reforma do Ensino Médio aprovada em 2017 prevê que 60% do Novo Ensino Médio seja de conteúdos previstos no BNCC e os outros 40% do currículo deve ser ofertado em uma das cinco áreas dos itinerários formativos.

Em um tempo em que as transformações tecnológicas ocorrem em uma velocidade como nunca antes vista, e que na maioria dos Estados o Ensino Médio ainda vem sendo ofertado da forma tradicional há décadas, pelo menos na rede pública, é de se entender por que já não atrai a atenção dos nossos jovens, e que apresenta uma alta taxa de evasão neste ciclo de formação.

Esta mudança certamente não será fácil, pois precisaremos, acima de tudo, “re-formar” nossos professores que há anos trabalham nas suas disciplinas isoladas e nem sempre fazem conexões com as outras áreas do conhecimento e o mundo do trabalho. E observem que não estamos falando sobre a qualidade de ensino destes docentes, mas sim como foram formados e orientados para trabalhar até hoje. E talvez a grande mudança na foram de trabalhar os conteúdos será exatamente em como os mesmos serão integrados, como, por exemplo, fazer a “resolução de um problema” ambiental utilizando os conhecimentos de física, química e biologia de forma integrada, e não simplesmente equações isoladas apenas para “aplicar as fórmulas”.

Este é mais um daqueles assuntos que renderiam páginas e mais páginas de discussão, mas o que procurei passar aqui é o grande impacto positivo que poderá ter na sociedade em longo prazo, desde que todos passem a realmente fazer esta integração acontecer.

Itinerários formativos
As redes de ensino terão autonomia para definir qual ou quais itinerários irão ofertar em cada escola. Os itinerários formativos são o conjunto de várias estratégias de estudos, com a oferta de disciplinas, estudos dirigidos, projetos, situações de aprendizagem, oficinas, dentre outros, em que os estudantes poderão escolher no Ensino Médio e visam aprofundar os estudos em uma área específica. Com isso, um aluno que pretende fazer um curso de engenharia, por exemplo, poderá aprofundar-se em matemática e suas tecnologias, ou até mesmo optar por um em um curso técnico correlato com sua próxima formação.
• Linguagens e suas tecnologias
• Matemática e suas tecnologias
• Ciências da natureza e suas tecnologias
• Ciências humanas e sociais aplicadas
• Formação técnica e profissional

Leia outros textos desta coluna em: http://bit.ly/fernandopitt.

Seu filho ficou em recuperação?

O fim do ano chegando e com ele as férias escolares, tanto que nesta primeira semana de dezembro a maioria das escolas regulares já finaliza seus calendários e milhões de crianças, adolescentes e jovens brasileiros estão liberados para curtir o verão, passear, descansar e se divertir muito.

Ocorre que muitos alunos certamente acabaram ficando em recuperação, uma vez que ao longo do ano não se dedicaram o suficiente para garantir sua aprovação direta, ou que por mais que tenham se esforçado, mas devido a uma formação básica deficitária, este empenho tenha sido insuficiente. Assim, estes terão que fazer as tão temidas recuperações e, talvez, provas de exame final.

Mas a dúvida que deve tirar o sono de alguns pais é: se durante o ano não conseguiu atingir o rendimento exigido, como fará em poucos dias? E a resposta realmente não é simples, mas possível de solução.

Uma ação inicial é a necessidade de conversa com seu filho para entender o que ocorreu, e porque não conseguiu atingir a nota mínima, se o problema foi por desleixo ou por real dificuldade, não deixe de ir também conversar com os professores e coordenação. E o mais importante, esta não é a hora para aplicar castigos ou coisas do gênero.

Agora é necessário sim algumas ações, como, por exemplo, garantir que seja dedicado o maior tempo possível para os estudos, e para isso certamente será necessário cortar TV, acesso a mídias sociais e videogame, e, talvez, até mesmo o celular, e garantir uma rotina de estudos intensa com foco nas provas finais.

Se o problema da não aprovação no tempo normal tenha sido a dificuldade de aprendizado, uma alternativa talvez seja contratar um professor particular ou até mesmo pedir auxílio para outros colegas para ajudar no estudo dos conteúdos específicos que precisam ser reforçados. Outra alternativa, tanto para reforçar o estudo neste estágio de recuperação, mas principalmente para ser utilizada durante todo o ano para que os pais não sejam surpreendidos, é recorrer ao auxílio de plataformas digitais de educação, sendo que algumas delas são gratuitas e outras pagas.
Lembre-se, o aprendizado acontece todos os dias, e não somente nas vésperas das provas.


Plataformas digitais

• Khan Academy (pt.khanacademy.org): plataforma digital gratuita mantida pela ONG Sal Khan e traduzida para diversos idiomas, incluindo o português do Brasil, tem como missão fornecer educação de alta qualidade para qualquer um e em qualquer lugar. Dispõe de conteúdos em vídeo sobe matemática (do Fundamental ao Ensino Médio) além de química, física, biologia, economia e computação. São vídeos de fácil entendimento e que podem ser muito úteis, tanto para reforçar o que foi aprendido durante o ano, tanto quanto para relembrar ou mesmo aprender novos conteúdos.

• FGV Ensino Médio Digital (ensinomediodigital.fgv.br/): plataforma mantida pela Fundação Getúlio Vargas para o ensino dos conteúdos do Ensino Médio para preparar os alunos para o ENEM, também de acesso gratuito.

• YouTube Edu (Canal Educação): Neste canal do YouTube o aluno encontra vídeo aulas da maioria das matérias, em especial do Ensino Médio, incluindo muitas revisões para o Enem.

• Descomplica (descomplica.com.br): Já a Descomplica é uma plataforma paga que oferece diversos planos de estudo que vão desde reforço para o ensino médio e para alguns cursos universitários, preparatório para vestibular e concursos, até a oferta de pós-graduação a distância.

Além destas existem inúmeras outras plataformas de estudo online, as quais na sua maioria são pagas e acessíveis tanto por meio de computadores quanto por smartphones. O importante é garantir o aprendizado constante.

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Indicadores para quê?

Neste último domingo, mais de 550 mil universitários em fase de conclusão dos seus cursos estavam inscritos para fazer o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2018. Esta avaliação é mais um dos instrumentos utilizados pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). O responsável pela aplicação das provas é o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que é o órgão do governo federal, vinculado ao Ministério de Educação (MEC), responsável pela avaliação do Ensino Superior no Brasil.

Assim como em outros exames aplicados nas demais etapas da educação Brasileira, o Enade tem como objetivo principal avaliar o desempenho dos estudantes quanto ao aprendizado dos alunos em relação aos conteúdos programáticos previstos nas matrizes curriculares dos cursos avaliados, além de subsidiar o cálculo de outros indicadores que formarão o conceito tanto do curso avaliado, quanto da instituição de ensino, que são: o Conceito Preliminar de Cursos (CPC) que avalia a qualidade dos cursos e, por fim, o Índice Geral de Cursos (IGC), que avalia a qualidade das instituições de ensino.

O CPC é calculado tendo como insumo o conceito Enade, mais avaliações sobre os recursos didáticos – pedagógicos, corpo docente, infraestrutura, entre outros. Já o IGC é o conceito mais completo e é calculado com base na média dos três últimos CPC dos cursos ofertados, média da avaliação de cursos de pós-graduação stricto sensu. entre outros critérios. Este conceito também é conhecido como sendo a “nota MEC”.

Além destes indicadores há ainda as visitas que avaliadores designados pelo Inep fazem nas faculdades, tanto para autorização quanto para reconhecimento de cursos, além dos processos de credenciamento e recredenciamento de instituições de ensino superior (IES).

É a conjugação destes indicadores com os resultados das avaliações presenciais que irão subsidiar o Inep para tomada de decisão em relação aos cursos e IES, os quais se não tiverem de acordo com os critérios estabelecidos poderão gerar diligências para as faculdades, e em último caso até a cassação das portarias de oferta do curso (fechamento do curso) e até mesmo da IES.

Assim, se no ano de conclusão o seu curso for um dos que estão no ciclo de avaliação, pense bem antes de querer boicotar o exame, pois poderá estar prejudicando a própria reputação da instituição pela qual estará se formando.

Em resumo, com o auxílio da tecnologia e de avaliações tanto presenciais, quanto por meio de exames ou questionários aplicados aos diferentes envolvidos, o MEC tem instrumentos que visam garantir a oferta de cursos de graduação de boa qualidade e que atendam as demandas requeridas ao novo profissional.

Observem que descrevemos sucintamente apenas alguns índices de qualidade do Ensino Superior, os quais não são os únicos. Temos ainda indicadores das outras modalidades de ensino, como na Educação Básica, além do percentual de evasão, empregabilidade de jovens, escolaridade do trabalhador, percentual de crianças na educação infantil, dentre outros.

Sabemos também que mais de 70% dos concluintes do Ensino Médio no Brasil finalizam sua fase escolar com o conhecimento insuficiente em Português e Matemática, estamos nos últimos lugares no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), índices elevadíssimos de desemprego de jovens, altas taxas de evasão no ensino médio, só para citar alguns.

Porém, para nossos congressistas em Brasília parece que estas informações não existem ou que o resultado delas já é suficientemente bom e não precisam de atenção, pois as discussões no que tange a educação não passam de posições ideológicas e, sinceramente sem fundamento técnico diante de tantos outros desafios muito maiores.

Vamos lembrar que a partir de janeiro, teremos um novo Congresso assumindo então, desde já, devemos cobrar deles um empenho maior nas discussões de forma técnica e não ideológica. A melhoria na educação brasileira só será possível com o comprometimento de todos.
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Tubarão no radar da inovação

Como vem sendo anunciado, nos próximos dias 29 e 30, ocorrerá o evento Innovation Summit SC, organizado pelo Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação de Tubarão, juntamente com diversas entidades parceiras, instituições de ensino e governo municipal.
Talvez muitos estejam se perguntando: “Por que uma cidade como Tubarão deveria organizar e sediar um evento como este?”. E a resposta é simples e está ligada diretamente ao desenvolvimento da tecnologia e mudanças que ela tem ocasionado, tanto na vida das pessoas, quanto na geração de valor às cidades e nações.

Até poucas décadas, um país poderia ser considerado rico e industrializado se tivesse muitas fábricas responsáveis por transformar matéria-prima bruta em produto acabado, como, por exemplo, converter minério de ferro em aço e, posteriormente, em enxadas, as quais seriam exportadas para o mesmo país que vendeu o minério, porém, por um valor até centenas ou milhares de vezes maior por quilo comercializado, assim agregando valor à nação industrializadora e gerando renda à sua população.

Estas plantas fabris geralmente são associadas a grandes construções com enormes chaminés que expelem fumaça negra dia e noite, e empregam centenas e, por vezes, até milhares de funcionários.

Contudo, esta realidade tem mudado muito rapidamente, e este tipo de fábrica tem dado lugar a ambientes mais limpos, geralmente com alto grau de automatização e empregando poucos colaboradores, além de estarem sediadas em países que ofereçam custos operacionais menores, e graças a uma rede de comércio global e aliado a uma logística eficiente, seus produtos são enviados para os quatro cantos do planeta em poucos dias.

Assim, muitos países, até então produtores, veem sua industrialização despencar na mesma proporção que aumenta o desemprego e a necessidade de assistência governamental por parte da sua população. Muitos destes trabalhadores dispensados passam a se dedicar ao comércio e serviço, os quais apenas movimentam dinheiro sem gerar nova riqueza.

Por outro lado, muitos países desenvolvidos têm se antecipado a estas transformações e, ao mesmo tempo que perdem indústrias tradicionais, criam condições para a instalação de novas plantas com tecnologia de ponta, as quais trazem consigo investimentos iniciais de grande monta, e são responsáveis pela criação e fabricação de produtos altamente sofisticados, de altíssimo valor agregado, e ainda, que empregam trabalhadores extremamente qualificados. Alguns setores de ponta são as farmacêuticas, biotecnologia, aeroespacial, dentre outras áreas.

Há ainda empresas que optam em terceirizar sua produção em outros países, porém, a criação dos produtos com conceitos de design mais modernos e que atendam critérios de sustentabilidade ficam sob a responsabilidade da matriz e seus projetistas, novamente sendo esta área a que mais agrega valor ao produto. Ainda poderíamos descrever as novas empresas de tecnologia que por meio de aplicativos oferecem transportes de passageiros, entrega de comida, dentre muitas outras referências.

O que estes últimos exemplos de empresas têm em comum é que todas possuem um processo de inovação constante, sempre buscando como fazer melhor, mais rápido, mais barato, e que entreguem soluções aos seus usuários, além de um simples “produto”. E é exatamente no quesito “inovação” que mora a resposta do porquê cidades e nações deveriam dar condições para absorver tais empresas.

Em relação a Tubarão, a cidade já conta com muitos pré-requisitos que permitem ser um polo agregador de empresas de base tecnológica, pois possui excelentes escolas profissionalizantes, além de uma universidade reconhecida mundialmente e de inúmeras faculdades que ofertam cursos tanto presenciais quanto a distância. Já tem constituído um Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, e uma lei específica de inovação que estabelece medidas de incentivo e apoio às ações e estratégias inovadoras aos ecossistemas empresarial, empreendedor e acadêmico.

E neste contexto, ações como o Innovation Summit SC são responsáveis por dar visibilidade ao município, sendo uma excelente alternativa para que empreendedores locais e externos invistam na cidade, constituindo empresas de base tecnológica, trazendo investimentos, gerando empregos qualificados e absorvendo os profissionais formados pelas instituições de ensino locais, bem como proporcionando geração de tributos aos cofres públicos e renda à população.
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Innovation Summit SC
Innovation Summit SC 2018 – Inovação Aplicada à Realidade, ocorrerá nos próximos dias 29 e 30, na Arena Multiuso Estêner Soratto, em Tubarão, e contará com palestras e painéis com o tema inovação, empreendedorismo e tecnologia, além de ser um ambiente que irá proporcionar conexões e gerações de negócios aos participantes. Ingressos e outras informações no site oficial do evento: https://isummit.com.br/.

A engenharia do século 21

Que o mundo tem mudado e se tornado cada vez mais tecnológico não é novidade para ninguém, contudo, nem todos têm conseguido perceber a velocidade desta evolução, a tal ponto que, muitas vezes, no intervalo inferior a um ano, passamos a utilizar algum novo serviço ou aplicativo e já não conseguimos mais nos imaginar sem ele. É uma verdadeira revolução, a qual já impacta os processos de fabricação, de relacionamento entre as pessoas, de gerenciamento de plantas fabris, planejamento de cidades, dentre muitas outras áreas. Neste cenário, dois novos termos têm sido veiculados com muita frequência, que são: Fábricas Inteligentes e Cidades Inteligentes.

No que tange às fábricas, veremos cada vez mais a interação de plantas fabris inteiras com a cadeia de suprimentos e de distribuição, e algumas vezes chegando até o cliente final sem necessariamente em ter uma pessoa física controlando este processo. O mesmo será totalmente gerido por inteligência artificial implementada nas máquinas e equipamentos conectados à internet industrial, análise de BigData, Internet das coisas (IoT) e a manufatura aditiva. Tudo isso associado a equipamentos com altíssimo grau de automação, muitas vezes, inclusive, com a aplicação de robôs capazes de até mesmo tomar decisões diante de variáveis previamente conhecidas e com padrões definidos. Em alguns casos, robôs com capacidade de aprendizagem cognitiva (machine learning).

Já as cidades inteligentes ou Smart Cities são aquelas que utilizam a tecnologia a favor de um resultado mais eficiente nas operações urbanas, nas interações entre pessoas, no consumo mais racional de energia e materiais, bem como para minimizar a geração de resíduos. Tudo isso visando a melhoria na qualidade de vida da sua população.

O que estes dois exemplos têm em comum é o alto grau de automação dos processos existentes em cada situação, além da necessidade da comunicação constante e em alta velocidade entre os equipamentos/dispositivos entre si e com as centrais de processamento e análise de dados em tempo real. Para ambos os casos, a exigência de profissionais habilitados é o mais importante, atualizados nas tecnologias mais recentes é um pré-requisito imprescindível, cuja formação pode ser tanto de técnico de nível médio quanto de graduação em Engenharia, a depender da complexidade do processo envolvido.

Como já abordamos em outros textos, não há certo ou errado na modalidade de formação, desde que esta esteja alinhada às demandas atuais de mercado, e, para aqueles que consideram um curso superior um caminho, uma opção é a Engenharia de Controle e Automação, a qual forma profissionais capazes de responder as demandas destes ambientes mais inteligentes e interligados.

O engenheiro de controle e automação se insere neste processo, pois será capaz de projetar, desenvolver, acompanhar a instalação, programar, operar e fazer a manutenção, tanto de equipamentos quanto de plantas fabris, sempre com o foco de automatização dos processos envolvidos. Concluí seu curso com os conhecimentos para trabalhar com robótica industrial, acionamentos hidropneumáticos, mecatrônica, modelagem de sistemas automatizados, além de também estar qualificado para gerenciar equipes e fábricas, dentre muitas outras capacidades.

Curso de Engenharia de Controle e Automação
O curso de Engenharia de Controle e Automação passa a ser ofertado em Tubarão a partir de 2019 pela Unisul, por meio de uma parceria com o Senai, onde as duas instituições reuniram suas competências didático-pedagógicas, vocação para pesquisa e uma infraestrutura com laboratórios completamente equipados, a fim de promover a formação de profissionais com conhecimentos teóricos e práticos na altura de responder as demandas de forma efetiva.
Sua formação leva cinco anos, e ao ser diplomado poderá obter seu registro junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), e considerando o atual momento vivido pela humanidade, certamente estará empregado na área antes mesmo da formatura. É um curso destinado para egressos do Ensino Médio, de cursos técnicos, como o Automação Industrial e Eletrotécnica, dentre outros. Um dos pré-requisito é ter afinidade com computadores, além de programação, matemática, conhecimento na língua inglesa e, claro, gostar de inovações tecnológicas.

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A escolha do “futuro”

Nos dias 4 e 11 de novembro, mais de cinco milhões de jovens Brasileiros fazem as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018. Em Santa Catarina foram 125.360 inscritos. O Enem é uma prova aplicada desde 1998 com o intuito de avaliar a qualidade do Ensino Médio no País (escolas e estudantes), e passou também a ser utilizada para selecionar novos alunos para o ingresso no Ensino Superior desde 1999 nas principais Instituições Federais e Particulares em todo Brasil por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Neste ano, o primeiro dia de prova foi dedicado a linguagens e, no próximo domingo, será a vez das provas na área das tecnologias. Embora o próprio exame e principalmente os temas das questões e da redação por vezes sejam polêmicos, a verdade é que hoje ele está presente no calendário das universidades, escolas e principalmente dos jovens e suas famílias. E são estes jovens que mais sofrem nesta época do ano pois se veem frente a necessidade de tomar uma das decisões mais importante para suas vidas, que é a escolha de uma profissão, a qual imaginam que norteará sua futura carreira profissional.

Ocorre que muitos decidem por impulso ou por influência, e alguns milhares até começam um curso superior mas desistem alegando não terem se identificado com o mesmo, ou o que é pior, outros tantos vão até o fim e se formam, e só então, se dão conta que não é “isto que querem para suas vidas”. Sem contar o alto investimento financeiro necessário para chegar até este ponto de virada, há outro praticamente imensurável que é o tempo “desperdiçado” neste percurso.

Como vivemos um tempo “fluído” e de grande instabilidade em que tudo está mudando muito rapidamente, devemos procurar ser os mais assertivos possível em todas as etapas da nossa vida, e nos preparar para mudar não só de emprego, mas também de profissão diversas vezes ao longo de nossa vida produtiva. E uma vez que para fazer o Enem ou mesmos os quase extintos vestibulares são necessárias milhares de horas de dedicação em estudos específicos para as provas, que por vezes nunca mais serão acessados uma vez logrado êxito no ingresso a uma universidade, devemos nos perguntar se realmente esta é a melhor opção no momento.

Não estou sugerindo para não fazer um curso superior, mas sim, avaliar qual o melhor tempo para isso. Pois para muitos um bom curso técnico e a atualização constante por meio de cursos de curta duração poderá ser o suficiente, já para outros tantos não bastará uma graduação, serão necessárias outras formações como pós-graduação (várias), mestrado e doutorado. E aqui não é uma questão de quem vai “ganhar mais ou menos”, pois ambas as formações podem nos permitir uma ótima rentabilidade, e sim, como melhor podemos contribuir para a sociedade e também satisfazer nossos anseios. A única regra que não vale, é ficar sem estudar.

Se há 20 ano eram poucas as opções existentes, e se resumiam a concluir o ensino médio e começar a trabalhar ou então escolher uma faculdade, hoje as opções são inúmeras e vão desde a oferta maciça de cursos de graduação presenciais ou a distância, formações específicas em determinadas áreas por meio de plataformas digitais, e ainda, muitas opções de cursos técnicos disponíveis em todas as regiões do estado.

Assim, uma excelente opção de itinerário formativo e também para “ganhar tempo”, é fazer o Ensino Médio concomitantemente a um Curso Técnico, pois além de permitir “testar” a nova profissão, também permitirá a sua inserção no mercado de trabalho muito mais cedo. Por uma questão cultural no Brasil menos de 8% dos estudantes do ensino médio cursam um técnico simultaneamente, enquanto na Europa é mais de 50%.

Quer conhecer um pouco mais sobre as opções de formações técnicas e como alavancar sua carreira? Aproveite a oportunidade de visitar o Mundo Senai hoje e amanhã, evento que ocorre em todas as escolas Senai do Brasil.

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Criatividade ou repetibilidade

Na última semana, dedicamos este espaço para reproduzir algumas das ideias apresentadas pelo professor e palestrante Luis Rasquilha, no encontro do último dia 15, com os alunos do “MBI em Educação para o Profissional do Futuro”, onde o mesmo abordou o tema tecnologia e educação.
Hoje, dando continuidade no compartilhamento do grande aprendizado que tivemos naquela noite, vou dedicar este texto para apresentar algumas das falas do outro palestrante, o humorista e empreendedor Murilo Gun.

Para quem o conhece e o acompanha pelas redes sociais sabe o quanto extrovertido e despojado ele é, de tal modo que já subiu ao palco arrancando aplausos com uma tirada humorística, e verdadeira, do quanto os candidatos se apresentam em entrevistas de emprego de forma cuidadosa e meticulosamente pensada repetindo padrões pré-estabelecidos pela sociedade, muitas vezes agindo como se fossem “robozinhos”.

E foi neste contexto que ele, Murilo Gun, discorreu sua apresentação, questionando o porquê exigimos dos nossos filhos e também de nossos alunos, respostas prontas e padronizadas, não dando muito espaço para a criatividade. A resposta não é simples e deve ser buscada a mais de 200 anos atrás com a criação do modelo de escola ainda presente hoje.

A educação como conhecemos e reproduzimos foi criada durante a segunda revolução industrial e visava, entre outras coisas, como que numa linha de produção, receber de um lado os novos estudantes e fazer com que passassem por diversas salas (séries) como um produto passa por uma esteira, qualificando-os com conteúdos padrões, gerando comportamentos padrões, buscando respostas, para quando este se “formasse” (sair da esteira) um trabalhador que irá desempenhar suas atividades também com resultados previsíveis e padrões.

E hoje, como são nossas aulas? Será que mudaram este “padrão” ou ainda continuamos a exigir de nossos educandos respostas prontas e sem espaço para que eles possam demonstrar sua criatividade?

Ainda há um mito que a criatividade é só para artistas e que as pessoas nascem com ela como se fosse um dom, mas isso é só uma meia verdade. Sim, as crianças nascem muito criativas, mas ao longo da vida delas, em especial nas escolas, podamos todas as tentativas de mantê-la e aprimorá-la, e Abraham Maslow já afirmava que “O homem criativo não é um homem comum ao qual se acrescentou algo. O homem criativo é o homem comum do qual nada se tirou”.

Assim, em um mundo de mudanças rápidas e nunca antes presenciadas, não é mais com trabalhos repetitivos que iremos sobreviver, pois para estes casos os robôs são muito melhores do que nós, humanos. O que nos difere das máquinas é exatamente a criatividade e a capacidade de imaginar.

E não será a primeira vez que isto ocorrerá, pois na história do homo sapiens, uma espécie frágil e lenta que seria facilmente exterminada por outros predadores, só sobreviveu e dominou o planeta graças à sua capacidade de imaginar coisas, desde como melhorar a coleta de alimentos e até mesmo como se proteger de ataques de animais ferozes. E com o passar do tempo, estas criações nos trouxeram ao mundo que conhecemos.

Então, num planeta cada vez mais dominado pelas máquinas e pela tecnologia, é mais do que necessário que possamos preparar nossos filhos e alunos para lidar com esta nova inteligência artificial, mas acima de tudo, torná-los verdadeiramente humanos, imaginativos, criativos, e que saibam conviver com outras pessoas também no meio físico e não somente no virtual.

Murilo Gun

Murilo Dantas Correia de Araújo, ou simplesmente Murilo Gun, foi um dos pioneiros da Internet brasileira, empresário e comediante, já foi apresentador de TV em programas de comédia, e foi um dos poucos empreendedores selecionados para participar de um programa de dez semanas na Nasa Research Park, no Vale do Silício, na Singularity University. Atualmente, é palestrante sobre criatividade, inovação e empreendedorismo e criou o curso Online Reaprendizagem Criativa.

Adaptar-se ou morrer

Quando se fala em valorização docente, a primeira coisa que vem à cabeça de quem está ouvindo é a necessidade de aumentar salários. Sim, isto faz parte e com certeza é um dos principais critérios para que possamos dar condições mínimas para que nossos educadores possam se dedicar a formação de seus educandos, mas não é tudo. Existem muitas outras necessidades que por vezes são ignoradas neste contexto, e uma delas é a formação continuada, seja por meio de cursos rápidos ou de formações mais completas.

Um exemplo disso é uma pós-graduação ofertada por uma instituição do Estado para seus docentes, intitulada de “MBI em Educação para o Profissional do Futuro”, que visa qualificar os docentes para os desafios de ser professor no século 21, onde a tecnologia se faz presente em tudo em nossa vida, inclusive em sala de aula, e que nosso aluno a cada dia que passa “exige” novas formas de aprendizado, além do tradicional “fala e giz”. No último dia 15, foi promovida uma aula especial com os alunos das turmas já iniciadas com transmissão online para todo Estado, e neste grande encontro foram convidados os palestrantes Murilo Gun e Luis Rasquilha para falar de tecnologia, educação e criatividade. Ao fim da fala de ambos, tive a honra de conduzir uma roda de conversa com eles. Como foram mais de três horas de muito aprendizado, neste texto vou apresentar as principais reflexões apresentadas pelo prof. Rasquilha.

Vivemos grandes mudanças no início deste século, além de, como afirma o físico e escritor americano Chris Anderson: “Não vivemos uma era de mudanças. Vivemos uma mudança de era!”. Isso é tão verdade que para efeitos de ilustração podemos citar o tempo necessário para dobrar o conhecimento gerado no mundo, se no ano de 1900 eram necessários 100 anos, e em 1945 somente 25 anos, já em 2013 isso acontecia a cada 13 meses e em 2020 deverá ser a cada 12h. Ou seja, será impossível qualquer ser humano acompanhar todo conhecimento gerado no mundo em apenas meio dia, o que dirá ao longo de sua vida inteira. Você acha que isso é exagero? Talvez até seja, mas já parou para pensar que em poucas décadas nós passamos da fita cassete para o CD, e depois para o mp3 e agora para a virtualização completa de músicas “na nuvem”? O mesmo pode ser dito sobre as fitas de vídeo e locadoras que deram lugar para o streaming de vídeo pela internet, e muitas outras coisas que deixaram de existir e nem sentimos falta, como por exemplo as máquinas fotográficas com filmes.

O grande ponto de virada pode ser considerado o ano de 2007, quanto Steves Jobs apresentou para o mundo o primeiro Smartphone, o iPhone. Nestes 11 anos, este “aparelhinho” evoluiu muito e hoje substitui inúmeros outros dispositivos eletroeletrônicos. Você já parou para refletir tudo que pode fazer com seu telefone hoje? E inclusive estudar? Veja a ilustração e com certeza encontrará outras funções a mais que seu telefone também faz.

Convergência de vários “gadgets” para apenas um smartphone
Nós que temos mais de 30 anos talvez sejamos os últimos indivíduos da espécie Homo Sapiens, pois para o palestrante os nascidos a partir do fim dos anos 1990 já estariam formando uma nova espécie, o homo algoritmos (geração conectada) cujos maiores medos são que a internet não conecte ou que a bateria acabe e não possam recarregá-la. Muitos jovens prefeririam ficar sem água em casa, mas não sem internet.

Os novos pesadelos das novas gerações
Estas mudanças todas transformam as relações, tanto que é possível hoje que o cliente saiba mais do que o vendedor, que o paciente vá até o médico sabendo sua docência, e também, que o aluno possa estar mais atualizado do que o próprio professor. Vejamos em números, em apenas 60 segundos são trocadas mais de 38 milhões de mensagens pelo WhatsApp, assistidos mais de 4,3 milhões de vídeos no YouTube e são gastos mais de U$ 862 mil em compras online em todo o planeta.

Então, professor, neste cenário de mudanças a uma velocidade nunca antes vista, temos que nos adaptar o mais rápido possível, pois caso contrário, correremos o risco de sermos os próximos substituídos pela tecnologia, inclusive por professores online de inteligência artificial que já existem e estão em teste.

Como um caminho possível a trilhar, foram apresentadas cinco megatendências em educação para os próximos anos, as quais devemos ficar atentos:

• Empoderamento: como o poder está cada vez mais no aluno, o papel do docente inspira a descoberta e não reproduzir a “verdade absoluta”;

• Experimentação: permitir que o aluno teste e inclusive falhe em sala de aula, só assim o aprendizado será mais completo;

• Ideação/cocriação: permitir que as ideias pulverizadas possam juntar-se e formar conceitos sólidos;

• Nanodegree: acesso a informações certas na hora certa, e não mais carregar grande quantidade de informações para quem sabe um dia utilizá-las;

• Edutech: fazer da tecnologia um aliado, não um inimigo, pois caso contrário ela vencerá.

E uma frase final para reflexão:
“Como você consegue ajudar o seu aluno a ser único?” – Luis Rasquilha

Luis Rasquilha
É natural de Portugal e já morou em oito países, é presidente e CEO da Inova Consulting e Inova Business School, professor convidado da FIA e colunista da Rádio CBN. Você pode acompanhar seus comentários por meio do podcast: CBN Profissional do Futuro.

A profissão das profissões

Todos devem ter lembrado dos nossos mestres na última segunda-feira, quando foi comemorado o Dia do Professor, mas poucos sabem o porquê desta data em especial. Tudo começou em 15 de outubro de 1827, quando Dom Pedro I sancionou o Decreto Imperial criando o Ensino Elementar, onde declarava: “Art. 1º Em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverá as escolas de primeiras letras que forem necessárias”. O decreto definia ainda como deveriam ser as escolas, a contração dos professores e quais seriam seus salários,  e dentre muitas outras determinações, até o que deveria ser ensinado: “Art. 6º Os professores ensinarão a ler, escrever, as quatro operações de aritmética, prática de quebrados, decimais e proporções, as noções mais gerais de geometria prática, a gramática de língua nacional, e os princípios de moral cristã e da doutrina da religião católica e apostólica romana, proporcionados à compreensão dos meninos; preferindo para as leituras a Constituição do Império e a História do Brasil”. Porém, somente 120 anos mais tarde em 1947, um grupo de professores de São Paulo liderados por Samuel Becker tiveram a ideia de transformar esta data em um dia de folga, reflexão e também confraternização com doces que trariam de casa, visto que o segundo semestre letivo era muito longo e cansativo. E assim, esta celebração aos poucos foi virando tradição e se espalhou pela cidade e pelo país e foi declarada feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682 de 14 de outubro de 1963. É do professor Becker também, a frase: “Professor é profissão. Educador é missão”.

Infelizmente as coisas não saíram exatamente como o Imperador decretou, pois passados mais de 170 anos observamos que, embora a educação básica tenha se tornado acessível para “todos”, não está garantindo uma formação adequada para nosso educando, e por vezes isso acaba pesando nos ombros dos nossos mais de 2,5 milhões de professores que trabalham em mais de 184 mil escolas, sendo que a maioria destas são de responsabilidade municipal e dedicadas ao Ensino Fundamental. Segundo o censo escolar de 2017, Santa Catarina conta com 44.692 educadores atuando na rede de ensino fundamental (1º ao 9º ano).

Com este número de profissionais podemos afirmar que é uma das carreiras mais numerosa de nosso país, mas nem por isso uma das mais valorizadas. O que vemos e sentimos há muitos anos, tanto em níveis municipais, estaduais e federal, é que a carreira docente não recebe a mesma atenção de outros servidores públicos. E isso não é uma virtude somente de “governos de direita” ou de “esquerda” e sim de todos, salvo algumas exceções muito pontuais neste nosso imenso país. Sendo que a maioria das promessas feitas nesta época de eleições não passam de “estelionato eleitoral”.

Falo isso com experiência, pois venho de uma família de educadores e nestas mais de 4 décadas que respiro “escola” já presenciei muitas situações, deste as mais desagradáveis até as mais gratificantes. Destaco uma em especial que aconteceu comigo no último ano, em que um ex-aluno, depois de cinco anos, me enviou um “WhatsApp” com a capa do seu TCC e me agradecendo por tê-lo ajudado nesta conquista.

O que precisamos de fato é que a Educação deixe de ser um discurso do dia 15 de Outubro ou de campanhas eleitorais e passe a ser uma prioridade concreta todos os dias do ano. Para isso, precisamos que toda a sociedade se empenhe para tal, educadores, pais, estudantes e também o Estado Brasileiro.

É triste comemoramos o dia da “Profissão que forma todas as demais Profissões”, quando pesquisas indicam que apenas 3,3% dos jovens com 15 anos querem ser professores na sua vida adulta. Isso é resultado da desvalorização da categoria, além do estresse sofrido diariamente e em alguns casos até mesmo os riscos a integridade física de nossos docentes. Precisamos mudar este cenário.

Nós, educadores, também precisamos fazer a nossa parte garantindo que nossas reivindicações cheguem até nossos representantes, e isso vai muito além de greves ou passeatas. Temos que ter ciência de que podemos, de fato, mudar a Nação.

E como podemos promover esta grande mudança? Muito mais do que apenas sermos “bons” professores em sala de aula também precisamos ser referências para nossos alunos, ajudá-los a alcançar seus objetivos, ou como diriam alguns usando um “termo da moda”, sermos “mentores” destes educandos. E ainda, incentivá-los a serem pessoas ativas na sociedade, quem sabe até mesmo os políticos de amanhã, incutindo desde cedo neles a necessidade da honestidade, integridade e trabalho pelo coletivo.

Nós podemos mudar o Brasil, talvez leve algumas gerações, mas podemos SIM!

Vamos refletir?
Você, pai, que lembra de levar um chocolate para o educador de seu filho neste dia, o que está fazendo para melhorar a educação de nosso Brasil? Se dispões a refletir conosco sobre algumas questões?
• Qual foi a última vez que foi até a escola do seu filho? E conversou com a direção e os professores?
• Você fica entusiasmado quando ele traz atividades de pesquisa para fazer em família, ou “esbraveja” a escola por lhe dar mais trabalho nos fins de semana?
• Como você se comporta quando a escola te chama para uma reunião com a direção? Atende o chamado ou ignora por imaginar que será para falar sobre alguma coisa errada?
• Você demonstra interesse pelo que seu filho está aprendendo na escola?
• E o mais importante, você tem ensinado seu filho a respeitar o professor e todo corpo técnico da escola, e vê-los como guias nesta longa e prazerosa jornada do aprendizado?
Se quisermos realmente mudar a educação no Brasil, vamos mudar primeiro a forma que nós e nossos filhos enxergam e participam das atividades escolares.

Uma inspiração
Uma ótima inspiração é o filme “O Aluno – Uma lição de vida”, de 2010, que conta a história verídica de Kimani Maruge Ng’ang’a, um Queniano de 84 anos que luta contra todos os desafios para voltar à escola e aprender a ler e escrever e, para isso, conta com a ajuda de sua professora. Assista e se emocione.

O que esperar e cobrar

O primeiro turno da eleição de 2018 acabou e com ele tivemos uma surpresa agradável, uma renovação de 52% na Câmara dos Deputados, 85% no Senado Federal e 55% na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). Isto mostra o quanto o brasileiro estava descontente com os congressistas atuais e deu “seu recado” nas urnas.

O primeiro passo que era ter nomes novos nos representando foi dado, mas não deve acabar aqui. Agora devemos lembrar em quem votamos, seja nominalmente ou na legenda, e acompanhar a atuação dos mesmos durante o seu mandato. E ainda, por mais que nosso voto tenha sido para um apenas, devemos lembrar que os 513 deputados federais e os 81 senadores representam o povo brasileiro, assim como os 40 deputados estaduais os catarinenses, então, devemos cobrar de todos uma atuação honesta, digna e profissional.

Isso inclui a atuação dos mesmos em prol da educação de nossas crianças e jovens, pois como escrevemos na última coluna, é o congresso que possui o verdadeiro poder para aprovação das leis que regem os assuntos da nação. E neste sentido, uma reflexão que deve ser feita é em relação ao que os mesmos se propuseram durante a campanha. Vamos lembrar que de um modo ou outro houve promessas que agora devem ser cumpridas, pois caso contrário será um estelionato eleitoral.

Dentre os temas mais “espinhosos” que o novo presidente e os novos congressistas deverão se deparar já no início da jornada podemos destacar pelo menos dois que são: A implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o “novo Ensino Médio”. Observem que dos candidatos que estão disputando o segundo turno para presidente, um já declarou que irá revogar o que foi aprovado até aqui, e do outro pouco se sabe quanto sua posição. E olha que estamos destacando apenas dois projetos de suma importância e que qualquer movimento contrário irá causar ainda mais prejuízos à nossa já precária formação escolar.

Quanto a importância de ambos, fica evidente quando observamos que somente 59% dos jovens até 19 anos já concluíram o ensino básico, e que a taxa de evasão além de alta tem como origem o fato do atual currículo escolar engessado não conseguir estabelecer uma correlação direta entre o que se “estuda” na escola e a “vida real”, diferente das formações de educação profissional que tem como propósito principal a aplicabilidade prática do seu currículo. Além disso, é sabido que muitas escolas públicas em todo o Brasil têm infraestrutura deficiente, e embora com muitos professores dedicados, estes muitas vezes são formados em áreas diferentes das matérias que lecionam, e o que é pior, por vezes com uma formação insuficiente.

Outros dados que corroboram com a necessidade urgente, não só de dar continuidade na aprovação e aplicação dos projetos acima referenciados, mas também de avançar muito mais na reestruturação de nosso ensino, são os indicadores. É pertinente relembrar que há poucas semanas foram divulgados os resultados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e que mostraram que pelo menos sete de cada dez estudantes do 3º ano do Ensino Médio tem nível insuficiente em português e matemática, e ainda revelou que somente 4,5% dos alunos possuem conhecimento adequado em matemática e 1.6% em língua portuguesa. Tem-se, ainda, os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que é realizado a cada três anos, e que os resultados de 2015 colocaram o Brasil no 63º lugar em Ciências, 65º lugar em Matemática e 59ª posição em leitura, de um total de 70 países avaliados.

Vamos ficar atentos e acompanhar os desdobramentos destas e de outras iniciativas que impactarão na qualidade da nossa educação.

Novo Ensino Médio
A Medida Provisória 748/16 sancionada como Lei pelo Presidente da República em fevereiro de 2017 e que teve 567 emendas em seu texto, foi tema de muita discussão visto a forma que a mesma foi publicada, tem como objeto principal:
• 60% da carga horária será destinada para a BNCC;
• Flexibilidade para os estudantes escolherem uma área para aprofundar seus estudos: formação técnica profissional, ciências humanas/sociais, ciências da natureza, matemática e linguagem;
• Obrigatoriedade de Matemática, Português e Inglês em todo ensino médio;
• Aumento da carga horária anual de 800 para mil horas;
• Progressivamente viabilização para que todas escolas possam ofertar o ensino médio integral com sete horas diárias;
• Poderá ser cursada em módulo e com aproveitamento de disciplinas no ensino superior;
• Permissão que profissionais com “notório saber” possam dar aula mesmo sem formação em licenciatura.

Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A BNCC não é um currículo, mas sim um documento norteador que visa definir o que vai ser ensinado nas escolas do Brasil inteiro na Educação Básica, ou seja, estabelece objetivos de aprendizagem que devem ser alcançados em cada ciclo, e assim, garantir que todos os estudantes do Brasil, sejam do Norte ou do Sul, de escolas das capitais ou do interior, de particulares ou públicas, tenham igualdade mínima nos conteúdos aprendidos, e desta forma atender o que a Constituição Federal de 1988 define no seu Art. 210: “Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”.
É importante destacar que a BNCC não vem para engessar o Currículo, e sim, dar uma direção para nossa educação, e que no Ensino Médio, por exemplo, não poderá exceder a 1,8 mil horas das três mil horas totais, e o restante deve ser destinado para áreas específicas.

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