quinta-feira, 25 abril , 2024
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Fernando Darci Pitt

Encontre o erro: sobram desempregados – sobram vagas

Na última semana, foram divulgados mais dados sobre a população desocupada no Brasil, sendo que o número de desempregados subiu para 13,4 milhões de pessoas, frente a uma população de 91,9 milhões de trabalhadores empregados. Há ainda outro dado também muito preocupante, que é a taxa de subutilizados, que são todos aqueles que estão desempregados e que trabalham menos do que poderiam, ainda os que não procuraram emprego mesmo estando aptos, ou os que foram atrás e não estavam qualificados para tal. Esta taxa revela uma população de mais de 28,3 milhões de trabalhadores que não “estão sendo plenamente aproveitados”, um recorde negativo para o indicador. No Brasil, de todos os setores os que mais tiveram vagas ceifadas foram o comércio, seguido pela agropecuária e construção civil.

Infelizmente aqui na região não foi diferente, e o saldo de empregos também ficou negativo, em Tubarão foram 548 postos de trabalho eliminados em março.

Como recorrentemente temos abordado nesta coluna, a evolução da tecnologia em velocidade nunca antes presenciada pela humanidade tem grande parcela de “responsabilidade” neste cenário. Ou seja, se a “crise econômica” e principalmente a “crise política” (forçosamente criada pelas várias correntes partidárias interessadas somente no poder e não na nação) cessassem como um “passe de mágica”, mesmo assim ainda restariam um numeroso exército de desempregados. E por que isso? Muito simples: muitas atividades que antes eram feitas por uma pessoa hoje estão sendo automatizadas, seja por um robô físico ou virtual.

Na contramão deste cenário, frequentemente estamos reunidos com empresários da região e também de outros Estados, e nestas conversas parece que na verdade estamos mesmo é em outro pais, ou até mesmo em outro planeta. Porque se de um lado há milhões de pessoas desempregadas ou subempregadas, do outro há milhares de vagas que há tempos não são preenchidas, vagas estas na sua maioria com salários acima da média e com boas perspectivas de carreira.

E então vem a pergunta de “1 bilhão de dólares”: Onde está o “erro”?
Acontece o que já escrevemos aqui em outras oportunidades, e certamente voltaremos a revisitar o tema muitas outras vezes ainda, que a maioria dos atuais desempregados ou subempregados não está qualificada para as vagas que estão sendo ofertadas, e o pior, por algum motivo não estão buscando a qualificação necessária.

Vejam o exemplo da área da Tecnologia da Informação, setor este que só aqui em Tubarão e região, por meio de um levantamento rápido, já são identificadas mais de 100 vagas abertas há algum tempo e com perspectivas de abertura de muitas outras, e não há um contingente de trabalhadores qualificados para assumí-las na mesma velocidade em que estão são abertas.
Alguns poderiam estar pensando: mas como me preparar para estas novas oportunidades?

O primeiro passo é garantir a formação na educação básica (ensino fundamental e médio), e posteriormente buscar uma formação complementar em uma instituição de ensino profissionalizante e/ou de graduação, ou ainda por meio de cursos rápidos. Na cidade são várias as opções, tanto em instituições particulares quanto públicas, ou mesmo nas incontáveis opções disponíveis na internet em cursos online.

Por fim, o recado para nossos jovens e seus pais:
O “mundo” tem mudado muito rapidamente e podemos visualizar as consequências com dois vieses, o de desespero total ou de oportunidade. E para aqueles que querem navegar por águas de um “oceano azul”, indiscutivelmente há a necessidade de formação e qualificação para estas novas oportunidades, que são muitas.

Vamos para a ação! Deixe um pouco de lado a sua vida “virtual”, de jogos e de mídias sociais, para se dedicar ao seu futuro “real”.

“Bora” estudar!
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Startup Weekend: Porque você deveria participar

Que a tecnologia tem promovido mudanças significativas na vida das pessoas, isso é inegável, e como recorrentemente escrevemos, estamos apenas no início desta grande transformação digital. Esta transição pode ser vista com dois vieses: o de desespero “total” por parte daqueles que não estão preparados e nem querem se qualificar para tal, mas também, de grandes oportunidades para quem estiver pronto e disposto a fazer diferente.

São vários os caminhos para construir um itinerário formativo aderente a este momento da humanidade, dos quais podemos citar alguns pré-requisitos indispensáveis que são: conclusão da educação básica (ensino fundamental e médio) no tempo previsto; opção de formação em área específicas por meio de um Curso Técnico (ou mais de um); aprofundamento de conhecimentos obtido em Cursos Superiores (Faculdade) e de pós graduação; desenvolvimento de competências pontuais por meio de cursos rápidos de curta duração, sejam eles presenciais ou online. De todas estas opções, a única que é “inegociável” é a formação na Educação Básica, já as demais, podem ser trabalhadas tanto de forma paralela quanto em cronologias diversas. O importante é que este profissional do “presente/futuro” esteja em constante desenvolvimento pessoal e profissional.

Uma vez “preparado”, você poderá construir seu futuro profissional de várias maneiras, sendo que a opção de vir a ser um funcionário em uma empresa privada ou mesmo no setor público pode ser muito rentável e lhe proporcionar uma ótima carreira, embora os desafios também tenderão a ser grandes, em especial para manter a empregabilidade e a atualização constante nas novas tecnologias que sempre surgirão.

Outros tantos podem querer tornar-se empreendedores e construírem seus próprios negócios, sejam eles “físicos” ou “virtuais”. E para este grupo de novos empresários diferentes desafios também surgirão, tanto do ponto de vista de gestão quanto de sobrevivência do seu projeto no médio/longo prazo. Então para isso, é muito importante ter clareza dos seus objetivos e também estudar bastante o mercado, e o mais importante, dar o “primeiro passo” para ter seu próprio negócio, talvez iniciando-o como uma “Startup”.

E é exatamente para estes novos entusiastas que o evento Startup Weekend se destina, pois nas 54 horas de atividades os participantes irão compartilhar ideias, formar equipes, desenvolver um novo produto e criar sua Startup, e quem sabe, após o evento dar continuidade a mesma e fazer o lançamento para o grande mercado consumidor, como já ocorreu em outras edições.

Para quem não conhece, o Startup Weekend é um evento de final de semana, com início na sexta feira e término no domingo à noite, em que as equipes são formadas por empreendedores, programadores, designers, e entusiastas (administradores, gerentes, finanças, entre outros) que durante este período buscam montar um modelo de negócio e criar a um produto mínimo viável. Para isso são utilizadas ferramentas como Lean Startup, Business Model Generation,  Desenvolvimento de Clientes, dentre outros, sempre com o apoio e direcionamento de mentores convidados e experientes. O nome do evento se refere a uma organização estadunidense sem fins lucrativos que foi fundada em 2007, com o principal objetivo proporcionar eventos de empreendedorismo prático, onde são fomentadas ideias de inovação. No mundo todo estima-se que já tenham ocorrido mais de 1,5 mil eventos em mais de 700 cidades, e que já tenham fomentado a criação de mais de 13 mil startups.

Diferente do que muitos podem pensar, uma Startup Weekend não é destinada apenas para quem já tem ideias formadas ou que esteja há muito tempo no mercado e queira construir uma nova carreira como empreendedor, mas sim, para todos que se considerem empreendedores (mesmo os intraempreendedores) e a todos que queiram aprender a como criar sua própria startups.

Startup de sucesso
Nessas mais de 13 mil startups pensadas e modeladas durante os eventos, temos vários casos de sucessos e muitas reconhecidas mundialmente, como, por exemplo: Easy Taxi: a ideia do aplicativo surgiu durante uma Startup Weekend no início de 2011, no Rio de Janeiro, e em agosto do mesmo ano foi lançada a sua versão beta. Em menos de um ano depois, já tinha mais de cinco mil motoristas cadastrados e 200 mil usuários, segundo a própria empresa. Hoje, já está presente em diversos países com milhões de clientes.

Startups Weekend Tubarão
Em Tubarão, ocorrerá a 3ª edição da Startup Weekend, nos próximos dias 24, 25 e 26, e será realizada concomitantemente à 16ª Feincos (Festival de Eventos do Sul), no Farol Shopping. Os ingressos de participação podem ser adquiridos diretamente pelo link http://bit.ly/swtubarao2019.
Para ficar por dentro do evento acompanhe, via Facebook ou Instagram: @swtubarao.
Bora lá, quem sabe aquela ideia que há muito tempo você tem guardada na gaveta não se transforme em um grande case de sucesso!

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Black Mirror: ficção ou realidade?

Há algumas semanas, temos trazido a esta coluna textos relacionados com assuntos de tecnologias do “futuro”, que já são o “presente”, como os grandes avanços da Inteligência Artificial e também da Robótica. Hoje, daremos continuidade à temática, levando à reflexão um seriado da Netflix, que da mesma forma que os assuntos anteriores, pode até parecer pura ficção cientifica, mas, na verdade, muito do que é relatado nos episódios já está presente no dia a dia em diversos países. Estamos falando do seriado “Black Mirror”.

O primeiro episódio foi ao ar em dezembro de 2011, pelo “Channel 4”, uma rede de televisão Britânica. Foram três temporadas por este canal, e, a partir de 2016, foram mais duas temporadas pela Netflilx, e em dezembro passado, foi lançado o primeiro filme interativo da série, que é invocada pela crítica e público como inovadora e chocante, ao mesmo tempo que muitos episódios causam verdadeira “repulsa” em alguns telespectadores. 

O motivo do choque – e também do sucesso dos episódios – é devido à forma que são produzidos, sempre trazendo temas polêmicos, muitas vezes satíricos, sombrios, e especulativos, de como a tecnologia poderá causar consequências imprevistas na sociedade contemporânea. Cada episódio é escrito de forma independente, e pode ser assistido sem uma ordem determinada. 

Sem trazer spoiler e para instigar nossos leitores a assistir todas as temporadas, vamos apenas comentar sobre alguns episódios específicos e relacionar com situações das quais já estamos presenciando cotidianamente. 

Um deles é o segundo da primeira temporada: “Fifteen Million Merits”, onde os protagonistas pedalam bicicletas geradoras de energia em troca de “méritos”, os quais são trocados por produtos, enquanto assistem a um show de talentos que faz de tudo pela audiência. Será que tem alguma semelhança com algo que é exibido nas nossas “telas” nos sábados e domingos à tarde?
Outro episódio desta mesma temporada é o terceiro: “The Entire History of You”, no qual as pessoas usam chips implantados, capazes de gravar tudo que se passa em seu meio, e essas informações podem ser acessadas a qualquer momento, reproduzindo, desta forma, suas memórias específicas diretamente sem seu olho ou em um monitor. Você já parou para analisar o quanto nós também temos deixado “nossas memórias” gravadas em vários serviços da internet? Tem programas que por padrão registra todos os lugares que estivemos e também nossa navegação nos diversos sites vão deixando nossos rastros, e, ainda, tem pessoas que junto disso vão voluntariamente postando em todas as mídias sociais possíveis seus passos, as pessoas com quem “conviveram” naquele instante, e até mesmo qual comida havia em seus pratos. Tudo isso para ganhar alguns “likes”. 

E por falar em “reconhecimento digital”, tem o primeiro episódio da terceira temporada: “Nosedive”, no qual as pessoas usam implantes oculares associados a dispositivos móveis (como nossos smarphones) e com eles classificam todas as interações online e pessoais em uma escala de cinco estrelas. Sua “nota” afeta significativamente seu status socioeconômico e também a relação de produtos que pode adquirir os possíveis descontos. Na vida real, em 2018, mais de 17 milhões de chineses foram impedidos de viajar de avião ou de trem por terem “baixa nota no crédito social” do país. Basta não pagar uma conta, um imposto, agir de forma inadequada no trem ou enquanto caminha com seu cãozinho para “perder” pontos. 

Outro episódio sugerido é o quarto da temporada quatro: “Hang the DJ”, em que vários jovens participam de um sistema de relacionamento, em que o dispositivo chamado “Coach” instrui com quem devem se relacionar, incluindo o tempo limite desta convivência. Será que há alguma semelhança com os aplicativos utilizados pela maioria dos jovens e adultos nos dias de hoje?
Por fim, a Netflix inovou mais uma vez com o filme “Bandersnatch”, uma continuação do seriado Black Mirror, apresentando como o primeiro interativo dos serviços de streaming, em que o próprio telespectador decide, durante a exibição, qual caminho o personagem deve seguir durante a trama. O filme tem duração de 90 minutos, mas para todos os caminhos “possíveis” foi necessário a gravação de 312 minutos. Do que trata? Bom, isso vou deixar por conta de nossos leitores descobrirem, não vou deixar nenhum spoiler aqui.

Como todos seriados de TV, o Black Mirror tem episódios excelentes, outros medianos, e alguns sofríveis, mas com toda a certeza vale o tempo dedicado. Ainda mais se você relacionar os episódios com muitos fatos reais que já estamos vivendo, talvez não na mesma intensidade ou impacto de uma “tecnologia desastrosa”. 

Prepare a pipoca e a maratona. São 19 episódios em cinco temporadas, e mais um filme, e então tire suas próprias conclusões.

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Trabalhar “com” ou “para” os robôs?

O C-3PO talvez seja o robô mais medroso e conhecido do cinema. Ele teve sua primeira aparição em 1977. Só para situar quem não o conhece, é um “droide de protocolo fluente em seis milhões de meios de comunicação”, e junto com o R2-D2 protagonizou um dos principais papéis na saga “Star War”, estando presente em 10 dos 11 filmes oficiais (spoiler: ele voltará a aparecer no Episódio 9º que será lançado em 19 de dezembro de 2019 aqui no Brasil).

Agora muitos devem estar se perguntando: “o que este androide tem a ver a coluna”? A resposta é muito simples. É que na última semana trouxemos para cá um dos assuntos que mais tem rendido estudos na atualidade e gradativamente tem impactado nossas vidas, que é a Inteligência Artificial, e no imaginário de muita gente quando se fala em robôs logo associa-se a imagem de um “humanoide” ou um “androide” como o C-3PO, inteligente, autônomo e independente. Antes de continuar, é importante diferenciar algumas definições que são: Robôs são máquinas programadas para fazer atividades pré-programadas de forma autônoma ou não (o R2-D2 é um exemplo de robô); Androides são robôs com aspecto de um humano, como o C-3PO; e ainda temos os Ciborgues que são híbridos entre humanos e máquinas, como o Darth Vader.

Contudo, no atual nível de desenvolvimento tecnológico ainda estamos um pouco distantes de cruzar nas ruas com um droide, pois para isso seria necessário que no robô com aspecto humano (humanoide) pudesse ser implementado uma grande quantidade de sensores e motores para que o mesmo pudesse se comportar como nós nos movimentos e locomoção, além é claro, de introduzir a Inteligência Artificial, Machine Learning e talvez até uma “pitada” de sentimento e autocrítica. Quem sabe um dia chegaremos lá (Perigo!).

Mas se por um lado, não cruzamos com droides diariamente nas ruas, por outro podemos afirmar que os robôs já estão muito mais presentes do que podemos imaginar, e olha, que estamos apenas no início de sua utilização. Neste caso estamos falando principalmente dos robôs industriais designados para a fabricação de produtos manufaturados. Um grande exemplo de sua utilização é na indústria automobilística e também na indústria eletroeletrônica. Segundo a Federação Internacional de Robótica, estima-se que em 2016 houvessem em média 74 robôs para cada 10 mil funcionários no mundo, sendo que na Correia do Sul era de 631 robôs para este mesmo contingente de trabalhadores humanos, Singapura era de 488, Alemanha de 309, os Estados Unidos ocupava a 7ª colocação com 189 e o Brasil o 39º lugar com 10 robôs para este mesmo número de trabalhadores. Pesquisas similares indicam que no Brasil mais de 50% das atividades industriais poderiam ser automatizadas, e ainda um percentual elevado nas áreas de serviço e transporte.

Além do uso industrial há ainda um grande potencial de aplicação deles em campos que hoje são feitos por nós humanos e que envolvem grande risco ou que exigem extrema precisão. No que se refere a risco, podemos dar como exemplo a inspeção de ambientes de alto risco físicos como dutos e plataformas submarinas e espaços confinados, locais de desastres com contaminantes químicos, biológicos ou radioativos, dentre muitos outros. Já em condições que exigem alta precisão podemos destacar um campo relativamente novo e em grande desenvolvimento que é a cirurgia assistida por robôs, como nas ortopédicas e cardiovasculares. 

Teríamos centenas de outros exemplos de aplicações deles em nossas vidas como na assistência de idosos e enfermos, no cuidado de crianças e até mesmo nos afazeres domésticos, mas o mais importante neste momento é trazer o tema para reflexão e dizer que isto pode ser uma grande oportunidade de carreira.

Já no caso dos androides, vamos esperar que as 3 Leis da Robóticas ditadas por Isaac Asimov em seu Livro “Eu Robô” de 1950 sejam respeitadas no desenvolvimento destes ao longo dos próximos anos que são:

1ª lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por ócio, permitir que um ser humano sofra algum mal.

2ª lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei.

3ª lei: Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Leis.

Mais tarde Asimov acrescentou a “Lei Zero”, acima de todas as outras: um robô não pode causar mal à humanidade ou, por omissão, permitir que a humanidade sofra algum mal.


Oportunidade de carreira

Podemos ver esta nova realidade com dois vieses, um de “desespero total” no qual os robôs irão ocupar todas as atividades humanas, e a outra que é de oportunidade de carreira.

Esta última surge no sentido de que principalmente na robótica industrial são necessários técnicos e engenheiros para o desenvolvimento de novas plataformas, programação, manutenção e, até mesmo, o trabalho conjunto com estes. Porém, para este caminho é preciso muito estudo nas áreas de automação, programação, mecânica, eletrônica, eletromecânica e afins.

E, por fim, há ainda áreas do conhecimento que nenhum robô consegue substituir um humano, nas quais por exemplo envolva criatividade, pensamento crítico, resolução de problemas complexos, dentre outros.

Então, o caminho é manter nosso foco nos estudos e desenvolvimento pessoal.
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Inteligência Artificial, risco ou oportunidade?

Na última semana, o Google anunciou o lançamento da sua mais recente e para alguns “assustadora” Inteligência Artificial (IA) Duplex para SmartPhones Androids e Iphones, sendo que desde outubro de 2018 estava disponível apenas para os telefones da linha Pixel (da própria Google). Mas afinal, o que é a IA Duplex? É uma tecnologia que utiliza o aplicativo “Google Assistant” para fazer ligações para locais definidos como restaurantes e cabelereiros, e marcar horários e/ou reservas, tudo isso conversando “naturalmente” como se fosse uma pessoa real na ponta da linha, inclusive imitando “cacoetes” e imitando estar “pensando quando lhe dão opções.
Embora este lançamento até o momento seja apenas para os Estados Unidos e não tenha previsão de chegar em outros países, por si só já é motivo de muita euforia para alguns e ameaça para outros, pois não deverá demorar muito para ser disponibilizado para o resto do Mundo, inclusive para o Brasil, pois o APP “Google Assistant” já funciona muito bem por aqui em Português do Brasil.

Independente de ser o “Assistant” da Google, a “Siri” da Apple, o “Watson” da IBM, “Cortana” da Microsoft, ou ainda a “Alexa” da Amazon ou muitos outras Inteligências artificiais cada vez mais disponíveis em aparelhos como smartphones, caixas de som inteligentes, smartTVs, e mais recentemente até mesmo em veículos, causam euforia ou assustam por alguns dos motivos que listaremos abaixo, mas antes, iremos descrever resumidamente como elas funcionam.

A Inteligencia Artificial nada mais é do que um algoritmo de aprendizagem que vai treinando a máquina com suas informações, e cada atividade executada ela fica sabendo “mais” e melhor ficam suas respostas. Ou seja, mais associação entre perguntas e respostas a máquina vai criando e por meio de padrões que vão sendo criados, a “inteligência” vai ficando mais robusta e o retorno aos questionamentos cada vez mais naturais. A sua história de desenvolvimento vem desde a década de 1950 com os primeiros estudos, e ganhou muito mais relevância na década de 1980 e mais recentemente, com os computadores e smartphones com processadores e memória cada vez mais velozes e com mais capacidade, respectivamente, permitiu o grande salto tecnológico que estamos vivenciando, e olha que isso é só o início desta tecnologia.

E é neste sentido que ela entusiasma milhões de usuários além de desenvolvedores, pois permite criar mecanismos cada vez mais automatizados e com respostas muito mais assertivas praticamente sobre tudo. Um exemplo disso é a “BIA”, um chatbot do Bradesco que utiliza a plataforma de computação cognitiva Watson da IBM, e desde 2018 vem fazendo atendimentos personalizados 24h por dia para correntistas do banco, interagindo com os mesmos sobre suas necessidades e dúvidas. Quanto mais interação ocorre, mas assertivas ficam os resultados. Atualmente são dezenas de interações a cada minuto, tudo isso eletronicamente sem a necessidade de intervenção humana.

Temos ainda o caso do “Watson for Oncology”, em que a inteligência artificial foi treinada para reconhecer com mais precisão possíveis tumores a partir de imagens e exames diversos, além de auxiliar os médicos por meio de opções de tratamento baseadas em evidências de outros tratamentos de sucesso e acesso constante a imensa literatura sobre o assunto que é disponibilizada a cada dia, o que é praticamente impossível para qualquer médico humano se manter informado e atualizado neste nível.

 Outros exemplos de assistentes virtuais que conhecemos bem são dos nossos smartphones, como o Siri da Apple e o Assistant do Google. Experimente perguntar para eles coisas simples como previsão do tempo e dicas de lojas e restaurantes na redondeza, e até mesmo peça para que eles lhe lembrem de algum compromisso em data e hora estipuladas.

Já em relação aos que se sentem ameaçados, o motivo principal é que estas soluções de inteligência artificial podem ceifar milhões de postos de trabalho, uma vez que estes algoritmos podem desenvolver pesquisas, agendamentos, e inúmeras outras atividades hoje exclusivas de humanos.  Vejam o que o Presidentes da Rússia Vladimir Putin falou em setembro de 2017: “A inteligência artificial é o futuro, não só para a Rússia, mas para toda a humanidade. Ela vem com oportunidades colossais, mas também ameaças difíceis de prever. Quem se tornar o líder nesta esfera se tornará o governante do mundo”.

Então, será que é “Risco ou Oportunidade”? Está muito cedo para afirmarmos se será um ou o outro caminho, mas uma coisa é certa, a depender de como for conduzida poderá ser os dois.

Inteligência Artificial na educação
Como não poderia ser diferente, a Inteligência Artificial também está criando uma condição muito favorável para a educação no mundo todo, uma vez que dentre muitas oportunidades, possibilita o retorno ao estudo individualizado e também ao estudo adaptativo, por exemplo.

Só para ficar nestes dois casos, o primeiro é quando cada aluno tem seu ritmo de aprendizado respeitado, podendo ser mais lento ou mais rápido do que se tivesse em uma turma “homogênea”, podendo inclusive ter velocidades variadas para cada área de estudo.

Já no outro caso, o estudo adaptativo é um método em que por meio da IA o aluno terá maiores ou menores interações com determinados conteúdos, em função de suas respostas e assimilação dos assuntos estudados. Por exemplo, se em matemática a dificuldade maior for em funções, serão utilizadas diferentes estratégias de ensino / aprendizado para este conteúdo, já se para frações houver mais facilidade de aprendizado, a IA dedicará menos tempo neste assunto.
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Os novos “Digital Influencers”

Há algumas semanas, temos abordado essencialmente a tecnologia como foco central dos nossos textos. Hoje, não será diferente, porém, com um viés no quanto ela está mudando a forma de influenciar nossa população, em especial os jovens.

Independente de convicções políticas, nos dias atuais virou moda afirmar que a escola tem “doutrinado” nossas crianças e adolescentes, e isso também inclui as universidades.

Particularmente, acredito que sim, que isso ocorre mesmo, porém, não é algo novo e também independente de leis “contra” ou “a favor” disso ou daquilo. Contudo, na minha percepção a palavra mais adequada não seja exatamente a “doutrinação”, mas sim, “influência”. Observação: Não nego a existência daqueles que realmente tem a intenção de manipular a mente de nossos alunos, por vezes com motivações políticas (tanto de “direita” quanto de “esquerda”), religiosas, ou seja lá qual for, mas certamente a maioria de nossos educadores quer mesmo guiar seus alunos para carreiras de sucesso e vidas felizes.

Isso, por si, já daria muito “pano pra manga”, ou melhor, muito texto para discussão e, com certeza, geraria inúmeras manifestações contrárias e a favor. Assim, vamos deixar esta “provocação” para outro momento. Hoje, vamos restringir a reflexão da influência real (e nem sempre percebida) por meio das plataformas tecnológicas sobre nossos jovens.

Alguns dirão que este “mundo não é mais como antigamente” e que as novas tecnologias estão abalando a cabeça dos nossos jovens, mas a verdade que este discurso também é secular e, certamente, nossos filhos e netos também o repetirão quando chegar a vez deles.

Se voltarmos alguns séculos, mais precisamente para meados do século 15, podemos afirmar que ali houve uma das mais importantes invenções que viriam a revolucionar a comunicação e, por consequência, a forma que as mensagens chegariam a muito mais pessoas do que chegavam até então. Esta grande invenção foi a imprensa com “tipos” móveis e reutilizáveis por Johannes Guttenberg, sendo que o primeiro livro impresso foi a Bíblia, em Latin, com 641 páginas. Esta nova forma de impressão substituiu os materiais utilizados até então (papiro, linho, pergaminho, entre outros) para transmitir a informação, e devido à sua facilidade e ao baixo custo de operação, alguns séculos depois permitiu a criação dos jornais impressos, além de muitos outros materiais.

Observem que esta invenção não permitiu apenas uma nova forma de transmitir informação, mas também de criar, transmitir e influenciar grandes massas populares por meio de impressos com tons mais provocativos, ativistas, com posicionamento político de centro, direita ou esquerda, seja por meio de jornais, livros, ou panfletos no geral.

Já no final do século 19, em 1896, o físico italiano Guglielmo Marconi cria um novo aparelho capaz de “levar” a voz por quilômetros, sem a necessidade de fios. Surgia o rádio. Da mesma forma que a impressa escrita, este aparelho foi e ainda é muito utilizado por programas jornalísticos, de esporte, entretenimento, e é claro, para música. Contudo, diferente dos impressos que ainda tinham um “público” bastante restrito, pois é necessário saber ler para poder entender o que “está escrito”, no rádio não há esta limitação, pois tanto pessoas alfabetizadas quanto analfabetos podiam ouvir e compreender as mensagens passadas. Da mesma forma, foi e ainda é utilizado como um veículo para informar, mas também, criar opiniões sobre determinados assuntos, sempre com base no que pretende a linha editorial dos donos daquela emissora (ou de outras forças, incluindo governos).

A evolução não parou por aí, e embora tenha sido criada antes, foi em 1928 que foi feita a primeira transmissão de áudio e vídeo por um aparelho mundialmente conhecido por “televisão”. Seria redundância escrever aqui que este novo meio de comunicação também encontrou seus seguidores, uma vez que além do som também transmite as imagens em vídeo do que está sendo tratado, e que da mesma forma que os anteriores também foi e é utilizado para formar opiniões em seus telespectadores. Por vezes, as imagens associadas ao som conseguem impactar muito mais.

Seguindo os caminhos das invenções, no fim dos anos 1960, cria-se o primórdio do que hoje conhecemos como sendo a internet, e que nos anos de 1980 cria-se os protocolos TCP/IP como um padrão internacional, o que permite que a rede de computadores avance e seja este novo grande veículo por onde circula absolutamente quase tudo, inclusive notícias e entretenimento.

E, por fim, já em 2005, sobre a plataforma da internet é lançado o veículo MAIS PODEROSO de todos até então: o “YOUTUBE”, uma rede no qual qualquer pessoa utilizando uma simples webcam ou um SmartPhone (desses mais baratos com câmera) pode criar um canal e, a partir dele, disseminar suas ideias, pensamentos e até mesmo fazer seu próprio jornalismo. Se na “mídia tradicional” são necessários investimentos milionários para “subir um canal paro ar”, além de ter que respeitar todos os tipos de legislação e protocolos de “bons costumes” das praças onde opera, e precisa de autorizações formais para existir, já no YouTube nada disso é necessário.

Assim, por meio deste site e de outros similares, surgem então os “Digital Influencers” ou ainda os “Novos Gurus” que não fazem nada de diferente do que todas as outras mídias sempre fizeram, que é consciente ou inconscientemente tentar formar e “influenciar” a opinião dos seus seguidores. E por que este meio tem ganhado cada vez mais seguidores em detrimento aos grandes veículos? Por razões simples das quais listo algumas: possiblidade de assistir por streaming (assistir o que, quando, como e onde quiser); pela fala natural (não segue uma linha editorial dos “chefes” nem de anunciantes); por geralmente utilizar uma linguagem simples e de fácil entendimento, além, é claro, dos assuntos tratados geralmente serem da linha do entretenimento e muitas vezes até da baixaria mesmo.

Assim, a próxima vez que você for falar que nós, professores, “doutrinamos” nossos alunos, lembre-se, isso pode ocorrer sim, mas há muitos outros veículos que o fazem com real intencionalidade e propósitos nem sempre claros.

Como se “proteger”? Com muita leitura e, se possível, procurar conferir sempre as fontes citadas, em especial das notícias que circulam na internet, pais. Sei, por experiência própria, que não é fácil e que nem sempre conseguimos, mas estejamos de olho no que nossos filhos andam “consumindo” na internet. De uma maneira ou outra, é importante tentar limitar o acesso aos “youtubers” mais intencionados ou de maus exemplos.
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Eles querem suas “senhas”!

Nas últimas duas semanas, trouxemos para esta coluna uma reflexão de como estamos deixando nossas pegadas digitais, tanto aquelas que deixamos sabendo o que estamos fazendo quanto aquelas que governos e grandes empresas de mídias coletam sem nos darmos conta. Em um primeiro momento, estes dados coletados não têm grandes consequências para nossas vidas, a menos que você resolva agir de forma agressiva e desrespeitar as legislações existentes, como por exemplo, partir para ofensas e destilar preconceito achando que está protegido atrás de um monitor.

Acontece que estes não são os únicos dados coletados dos internautas, pois têm também aqueles que são “roubados” com intenções nada honestas e, geralmente são obtidos por meio da Engenharia Social, a qual refere-se a um termo que descreve um método de manipulação onde pessoas se utilizam da persuasão para conseguir informações das outras, sem a necessidade de uma abordagem com ameaça física ou psicológica, pois as “vítimas” normalmente fornecerão as informações ou valores solicitados de forma voluntária e sem perceber que estão fazendo.
A manipulação de pessoas e comunidades inteiras por meio da Engenharia Social não é nova e já existe a milênios, mas encontrou na internet uma nova plataforma para que as pessoas que a utilizam com fins errados possam atacar centenas ou talvez até milhares de internautas com apenas alguns cliques, e tudo isso sem a necessidade de se “arriscarem” pessoalmente.
 
Na vida “real”, um exemplo clássico da aplicação deste método é o “golpe do bilhete premiado” (existe desde a década de 1930), onde uma pessoa com aparência humilde aborda a vítima, geralmente idosos que são mais vulneráveis, com uma história elaborada para mexer com os sentimentos desta, e pedindo ajuda para conferir um bilhete com uma “aposta premiada”. Uma segunda pessoa também aparece para dar veracidade a história e oferecer ajuda. O golpe está baseado em ter uma aposta real com os mesmos números sorteados, porém de um concurso diferente. Por meio da manipulação e sempre se aproveitando da boa vontade, ingenuidade e da “ambição” da vítima os estelionatários acabam conseguindo grandes quantias em dinheiro sem a necessidade do uso de armas ou outro tipo de ameaça física.

Já na internet são vários os meios utilizados para conseguirem o que querem, como por exemplo, o ataque direcionado que é enviar um e-mail com informações e layout parecendo real, inclusive por vezes utilizando o mesmo endereço de remetente de uma pessoa conhecida. No texto deste há instruções para que o destinatário clique em algum link/imagem/anexo, o que ao fazê-lo irá baixar um trojan ou um vírus para o computador, e assim, todos os tipos de informações podem ser acessadas remotamente. Estamos falando desde arquivos diversos, informações pessoais, fotos (de todos os tipos), contas e senhas bancárias, além de logins e senhas dos websites que você acessa regularmente.

Há ainda os ataques maciços por meio de e-mails chamados de phishing, onde não há uma vítima específica, mas sim, quem “cair” no golpe. Neste caso, o layout e o texto também são muito bem elaborados de tal modo a parecerem reais, apenas mudando o link, substituindo o real por um outro que da mesma forma que citado acima, irá instalar uma praga no computador. Neste caso, o ataque pode ocorrer não só com o envio de e-mail, mas também por meio de um website “réplica”, o qual tem até mesmo o endereço “url” similar ao original. Exemplos deste tipo de ataque são aqueles que recebemos se passando por empresas reais, como bancos, seguradoras, concessionárias, etc. Se você não é cliente da suposta empresa remetente, delete o e-mail sem nem mesmo abri-lo ou saia do website sem digitar nada. Porém, se você é correntista do banco remetente, por exemplo, e ficou em dúvida, antes de sair clicando e “confirmando sua senha” (saiba que nenhum serviço pede este tipo de informação por e-mail), entre em contato com a empresa. A propósito, não confie no número de telefone descrito na mensagem, pois hoje é muito fácil conseguir até mesmo um “0800” virtual.

E mais recentemente, com a popularização dos smartphones e dos mensageiros eletrônicos (Whatsapp, Messenger, Skype, Telegram, dentre muitos outros), ampliou-se ainda mais as plataformas de ataque. Da mesma forma que no caso dos e-mails, evite sair clicando em todos os links recebidos por mensagem, inclusive nos “GIFS” animados (aquelas figurinhas engraçadas que se movimentam), pois poderá estar baixando um vírus para seu telefone. Importantíssimo: os telefones com sistema operacional Android são muito mais vulneráveis a vírus. Reflita, quanta informação seu telefone sabe sobre você?

Há ainda muitas outras formas de ataque, que vão desde infiltrar “programas espiões” dentro de servidores, interceptar mensagens, clone de websites, portais com links maliciosos, e mais algumas centenas de outras formas, que não caberiam nesta coluna, e sim, seriam necessário alguns livros para descrever todos.

Por fim, desconfie das mensagens eletrônicas de terceiros (e até mesmo de conhecidos) tanto quanto você desconfiaria de um estranho que nunca viu.

Ficou interessado pelo assunto? Uma sugestão de leitura é o livro “A Arte de Enganar” de Kevin D. Mitnick, e se impressione de como era fácil para ele conseguir o que queria, apenas se utilizando da ingenuidade e boa vontade das vítimas.

Saiba quem está te ligando
Outro tipo de ataque é por telefone mesmo (muitas vezes das próprias operadoras tentando te vender “penduricalhos” para seu plano), e neste caso temos aplicativos que nos ajudam a identificar os remetentes de ligações/mensagens recebidas:
• Whoscall
• Truecaller
Ambos os aplicativos têm versões gratuitas além de versões pagas, e ambos funcionam em telefones Android e iPhones. Qual é o melhor? Ambos são bons inclusive nas versões gratuitas, vai depender de qual você se identificar mais. Dica: baixe estes aplicativos e outros somente das lojas oficiais: apple store (iPhone) e Google Play Store (Android).
Leia outros textos desta coluna em: http://bit.ly/fernandopitt.

O que “eles” sabem sobre nós? Tudo

Na última semana, abordamos, nesta coluna, um tema muito importante, porém negligenciado pela maioria das pessoas, que é como você deixa suas pegadas digitais sabendo o que está fazendo, ou seja, você enquanto internauta está ciente das suas ações durante a navegação. Sabe qual website visitou, quais perfis olhou nas mídias sociais, e também com quem interagiu e qual foi esta interação.

Porém, nem todos têm ciência de que além destas pegadas digitais, também deixamos nossos rastros digitais, mesmo que contra nossa vontade a todo instantes, inclusive quando desconectados da rede de computadores. Acontece que o simples fato de existirmos e termos documentos, estarmos inscritos em atividades escolares regulares e controladas, termos um telefone (mesmo o mais simples), ou simplesmente andarmos nas ruas, milhares de empresas e governos estão nos acompanhando e monitorando, cada qual com o seu propósito. Para alguns isto pode até parecer “teoria da conspiração”, enquanto que para outros, apenas algo sem sentido, mas na verdade não é nem uma coisa nem outra, e sim a simples realidade.

No caso dos órgãos governamentais, são muitos os interesses em monitorar os passos de um cidadão, dentre os mais comuns são com foco na arrecadação e na segurança. No caso financeiro, um exemplo está na análise da Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (Dirpf), onde a partir das informações de movimentações financeiras, hábitos de consumo e em especial das faturas mensais dos cartões de crédito é possível cruzar estas informações com as rendas declaradas e com o informado na declaração de ajuste, e assim, se necessário chamar o contribuinte para dar mais explicações. Tem-se ainda aqui no Brasil a implementação de supercomputadores e sistemas informatizados para controlar todos os passos das empresas também, desde a receita informada e impostos pagos, indo até mesmo para o controle de estoque e da folha de funcionários.

Já na área de segurança um caso que ilustra bem a atuação de alguns governos no acompanhamento dos passos dos seus cidadãos e também os de outros países,  incluindo inclusive governos amigos ou não, são as declarações polêmicas que Edward J Snowden  fez em maio de 2013, nas quais ele revelou que o governo do seu país possui programas para espionar e vigiar o mundo todo, que vão desde o monitoramento de conversas telefônicas e comunicações pela internet, até mesmo conteúdos integrais dos smarphones dos investigados mais “perigosos”, incluindo a obtenção de fotos íntimas, se necessário, tudo isso sob a alegação da Segurança Nacional. Em princípio, estes programas visam entender suas comunicações, e não lê-las. A leitura individual de cada mensagem trocada ocorria pontualmente apenas caso o “alvo” seja um “suspeito” em potencial.

Por outro lado, existem também o rastreio com fins econômicos, onde grandes empresas de comunicação e de marketing buscam o máximo de informações sobre o máximo de pessoas, a fim de construir “personas” bem definidas (persona=perfil de pessoas que se assemelham entre si). O propósito disso é bem claro, direcionar anúncios para um público bem restrito buscando alcançar o máximo de conversão em vendas com o mínimo de investimento em publicidade.
Como eles fazem isso? É muito simples, com base em todos nossos hábitos de consumo e navegação, tanto online quanto off-line, grandes empresas de mídias fazem uso destas informações e com o auxílio de programas de inteligência artificial e de muita estatística, conseguem criar perfis tanto coletivos quanto individuais, os quais são vendidos para os anunciantes.

Assim, a próxima vez que você baixar em seu smartphone um aplicativo de gravidez, por exemplo, e a partir de então começar a visualizar anúncios de produtos para bebês em suas mídias sociais ou até mesmo na navegação na internet por meio de um computador, já sabe, não é mera coincidência, e sim, anunciantes que compraram estas informações da sua “persona” para direcionar seus produtos com base no seu perfil de navegação. Pois, quando o produto é gratuito, provavelmente a mercadoria seja você!

Como este tema é muito extenso, e olha que nem abordamos a aplicação da engenharia social com fins de roubo de informações ou valores, certamente voltaremos a abordá-lo nas próximas edições e traremos dicas de como tentar minimizar seus impactos e influência sobre nosso consumo.

Seus rastros digitais
Como descrevemos são muitas as informações que “eles” sabem sobre nós, e para ilustrar isso vamos citar apenas dois exemplos:

• GoogleMaps
Quem tem um smartphone Android ou tem o aplicativo do google maps em seu telefone, e a depender do ajuste na configuração de privacidade, certamente você terá um registro de todos seus passos nos últimos tempos. É possível saber onde estávamos, em que dia e em que horário. Quem se interessou basta acessar o site abaixo e se logar com o mesmo nome de usuário de seu telefone:
https://www.google.com.br/maps/timeline.

• Facebook
A rede do Mark Zuckerberg, que já foi alvo de muita polêmica por quebra de privacidade (e olha que vem muito mais ainda), registra tudo que fazemos no Facebook e Instagram, por exemplo, e se você tem curiosidade em “relembrar” suas interações no “face”, basta logar no aplicativo, clicar na opção de configuração (última opção no canto superior direito com um formato de triangulo invertido) e então escolher a opção: Registro de Atividades.

Leia outros textos desta coluna em: http://bit.ly/fernandopitt.

Suas pegadas digitais: Como são?

Nas últimas semanas abordamos nesta coluna temas relacionados ao desenvolvimento pessoal por meio da educação, seja ele formal ou informal, e também procuramos provocar nossos leitores a escolher uma modalidade de ensino mais adequada a suas ambições e disponibilidade além de trazer alguns argumentos para ajuda-los a modelar seu itinerário formativo (leia outros textos em bit.ly/fernandopitt). Considerando que você e/ou seus filhos já se decidiram e estão se dedicando para um constante aprendizado neste ano que acaba de iniciar (já passou o carnaval), nesta semana que a internet comemora 30 anos de sua criação vamos voltar a abordar o tema tecnologia em especial como ela poderá te ajudar ou prejudicar na sua futura carreira profissional, tudo isso baseado nas suas atuais “pegadas digitais”.

Antes de tudo, vamos esclarecer o que são as ditas “pegadas digitais”: resumidamente podemos definir como sendo tudo que está na internet sobre uma pessoa. Algumas destas pegadas são deixadas pelos próprios usuários, especialmente nas redes sociais, e outras são coletadas sem que necessariamente saibamos disso.

Assim, vou dividir este tema em pelo menos dois textos, dedicarei esta coluna para tratar da primeira situação na qual o próprio usuário deixa suas pegadas de forma consciente, ou muitas vezes de forma inconsequente mesmo.

Acontece que hoje as mídias sociais são uma realidade para bilhões de pessoas no mundo inteiro. Para se ter uma ideia deste número, estima-se que só o Facebook tenha mais de 2,2 bilhões de usuários mensais no planeta, o YouTube mais de 1,9 bilhões, o WhatsApp mais de 1,5 bilhão, e Instagram mais de um bilhão, isso só para ficar entre os maiores e mais conhecidos. No Brasil os números também são impressionantes, considerando uma população aproximada de 210 milhões de Brasileiros, destes mais de 127 milhões acessam mensalmente o Facebook, sendo que mais de 90% destes acessam a rede por meio de um dispositivo móvel (geralmente um smartphone). Já o Instagram conta com mais de 50 milhões e o Twitter mais de 41 milhões de usuários mensais aqui nas terras tupiniquim.

Com tantos usuários assim e com a facilidade de registrar fotos e fatos em qualquer lugar e em qualquer hora graças a portabilidade dos celulares, segundo o “Fórum Econômico Mundial” estima-se que em 2018, a cada 60 segundos, eram enviados mais de 38 milhões de mensagens pelo WhatsApp, feitos mais de 973 mil logins no Facebook e feitas mais de 174 mil “deslizamento de telas” no Instagram.

E é aqui que você entra registrando conscientemente, ou inconsequentemente mesmo, suas pegadas digitais. Tudo o que você fizer nestes aplicativos sociais ficará registrado, e milhões ou bilhões de outros usuários poderão ver suas atividades. Até aí não tem problema nenhum, claro, desde que seu comportamento seja adequado e respeitoso. Contudo, muitas pessoas por estarem atrás de uma tela se sentem protegidos e livres para escrever o que quiser, atacar ou ofender pessoas ou grupos com pensamentos divergentes dos seus, e agir como verdadeiros delinquentes digitais. Muitos desses internautas fazem tudo isso utilizando “nicknames” falsos (nickname = nome do usuário) e por isso pensam estar protegidos das consequências, ledo engano, pois não existe anonimato completo na rede de computadores, apenas métodos para estarem menos vulneráveis.

Já a grande maioria dos usuários das redes sociais utiliza a rede de “peito aberto” mesmo, utilizando fotos reais e o seu próprio nome, quanto muito abreviado ou com um apelido. Novamente, nada de errado em fazê-lo desta forma. O problema começa quando as pegadas digitais deixadas deste modo começam a revelar para o mundo um perfil que talvez não seja o mais adequado para sua atual e/ou futura profissão. E da mesma forma poderá apresentar uma característica agressiva não conhecida no “mundo real”. Um exemplo disso, são  aquelas pessoas (geralmente adolescentes) que acabam se expondo sobremaneira, muitas vezes baseadas numa falsa ilusão que estão em um “grupo fechado/secreto” ou ainda por “confiar” no interlocutor do outro lado da tela. Neste caso nunca é demais destacar que não existe garantia nenhuma que suas fotos ou conversas não serão vazadas. Neste caso reflita: como você se sentiria se seus pais e/ou amigos próximos tivessem acesso a esta conversa? E se em 5, 10, quem sabe daqui a 20 anos durante uma análise para algum cargo muito desejado a sua vida seja “varrida” para confirmar uma postura ilibada e esta(s) mensagem(s) ou imagem(s) reapareça(m)? Pense nisso antes de compartilhar imagens com estranhos e até mesmo com pessoas que aparentemente você confia.

As mídias sociais se bem utilizadas podem ser ferramentas excelentes, pois além de aproximar e reaproximar pessoas, também são fontes de informação e de estudos, desde que utilizadas corretamente e com moderação, pois suas pegadas digitais nunca mais serão apagadas.

Fonte: World Economic Forum
https://www.weforum.org/agenda/2018/05/what-happens-in-an-internet-minute-in-2018

Cursos técnicos – por que não?

Na última semana, abordamos o tema: “Curso técnico ou faculdade” (veja em bit.ly/fernandopitt), e o tema tinha o objetivo de provocar uma reflexão em nossos leitores uma vez que no Brasil ainda há um preconceito histórico e centenário em relação aos cursos profissionalizantes e cursos técnicos.

Embora seja indiscutível a necessidade de qualificação profissional para o trabalhador ter condições de destaque e até mesmo de manutenção de seu emprego neste mundo altamente conectado e com processos cada vez mais automatizados, não é o que observamos na prática.  
A verdade é que estamos ainda muito longe de alcançar as metas propostas no Plano Nacional de Educação (PNE), que tem como objetivo 33% da população entre 18 e 24 anos matriculada em um curso de graduação, além de triplicar as matrículas em cursos técnicos, chegando a mais de 5,2 milhões. Segundo dados do Observatório do PNE em 2015, apenas 18,1% deste público-alvo tem acesso à faculdade, e menos de 1,8 milhão de brasileiros estava matriculado em um curso técnico.

O valor das mensalidades e a indisponibilidade de cursos em determinadas regiões do país são alguns dos motivos pelos quais ainda estamos longe do propósito definido no PNE nas matrículas de cursos de graduação. Deste modo, muitos trabalhadores se sujeitam a empregos menos qualificados, uma vez que não têm formação, e consequentemente também irão ganhar menos, e assim começa um ciclo vicioso que os manterá nesta condição por toda sua vida profissional.  
Sabendo que tanto um curso técnico quanto um curso de graduação proporcionam formações específicas e complementares entre si, e que não existe opção melhor nem pior, e sim a mais adequada ao momento de cada estudante/profissional, então por que não iniciar sua formação por um curso técnico? E de onde surge este preconceito em relação aos cursos técnicos no Brasil, a ponto dos mesmos nem sempre serem considerados?

A resposta não é simples e nem recente, mas podemos resumi-la com base em alguns acontecimentos na história do país, desconsiderando fatos ainda mais distantes que decorrem desde a época dos filósofos gregos. 

No Brasil, já no início de sua colonização, os trabalhos manuais eram associados aos indígenas (catequisados pelos jesuítas) e posteriormente aos escravos africanos, sendo que os “homens livres” deveriam se afastar das tarefas manuais. 
 
Com a chegada da Família Real e a corte Portuguesa em 1808, o Brasil, que até então não podia manufaturar qualquer bem, viveu o início da sua industrialização, porém, até então não havia mão de obra para suprir este mercado recém-aberto. Desta forma, inicia-se as primeiras ações para formação destes trabalhadores. Nos anos seguintes, foram criadas escolas que formariam trabalhadores para manter o padrão de vida que a corte exigia, e, desde então, já previam diferenciação de classes, sendo que os filhos da nobreza passavam a ter acesso a escolas de belas artes e de cursos como de Anatomia e Cirurgia, da Academia Militar, entre outros, enquanto para os “menos favorecidos” eram ofertadas as oportunidades de formação nos trabalhos manuais. 

Muitas outras iniciativas surgiram desde então, seguindo também pelo Brasil Império (após a independência em 1822) e posteriormente Brasil República, mas quase todas associavam a educação profissionalizante à ocupação de indivíduos pobres para resguardar a sociedade dos riscos de violência e revoltas. Este absurdo (para nós nos dias atuais) chegou a ganhar corpo na forma de leis, como verificado no artigo 295 do Código Criminal do Império Brasileiro de 1830, o qual descrevia: “Art. 295. Não tomar qualquer pessoa uma ocupação honesta e útil, de que passa subsistir depois de advertido pelo juiz de paz, não tendo renda suficiente”, sob “-pena – de prisão com trabalho por oito a 24 dias”. 

Outro ponto referencial é no começo do século 20, quando foi editado, pelo então presidente Nilo Peçanha, um decreto-lei que criou as Escolas de Aprendizes Artífices, cujo propósito era “[…] habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com o indispensável preparo técnico e intelectual, como fazê-los a adquirir hábitos de trabalho profícuo, que os afastara da ociosidade ignorante, escola do vício e do crime […]”.

Observem que estes são apenas alguns dos exemplos da forma que a educação estava estruturada, tanto no período do império quanto no início da República, e que servia para a manutenção de duas classes sociais distintas: a dos “doutores” formadas pelos intelectuais e burocratas, e a dos “operários” formados pelas massas populares.

Embora nos dias atuais esta condição pareça um absurdo, o conceito ainda está enraizado na mente da maioria da população, a ponto que incentivarem seus filhos a serem “doutores” e, para isso, a faculdade aparece como única opção, pois querem se afastar da condição de “operários”.  
Com a evolução tecnológica e também humanística, um trabalhador terá maiores ou menores chances de sucesso não em função da modalidade de ensino, e sim em função de sua formação e dedicação nas atividades desenvolvidas, e, para tal, um curso técnico pode ser a porta de entrada para uma carreira de sucesso.

Assim, caso seu desejo seja fazer uma graduação específica, mas no momento não tem condição de acessá-la, considere começar sua formação por um curso técnico, o qual por ser mais rápido e focado, lhe dará condições para que esteja empregado tão logo finalize o mesmo, e assim, com o rendimento deste trabalho será possível ingressar na faculdade.  
Este é o momento certo de escolha, pois a maioria das escolas profissionalizantes da cidade ainda está com suas matrículas abertas. Não deixe para depois.
Leia outros textos desta coluna em: http://bit.ly/fernandopitt.

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