Os sites de apostas esportivas movimentam bilhões no Brasil. A regulamentação do setor, que ainda avança em ritmo lento, poderia gerar receitas significativas para o governo. Estima-se que a tributação sobre esse mercado, caso bem estruturada, tenha potencial para arrecadar mais de R$ 10 bilhões anuais. Esses recursos poderiam ser direcionados para áreas como saúde, educação e infraestrutura.
Contudo, a falta de regulamentação robusta cria uma “terra de ninguém” fiscal, permitindo que empresas estrangeiras operem no país sem cumprir obrigações tributárias ou sociais. Além disso, a ausência de regras claras sobre publicidade e controle de acesso amplia os riscos de vício em apostas, afetando famílias e indivíduos de baixa renda.
O “tigrinho” e a economia informal
Enquanto as apostas esportivas dominam o cenário digital, o jogo do “tigrinho” – máquinas caça-níqueis e similares – continua a prosperar em áreas urbanas e rurais. Esse tipo de jogo, operado em grande parte de maneira clandestina, alimenta a economia informal.
Os ganhos financeiros do “tigrinho” raramente passam pelos canais oficiais. Em vez disso, o dinheiro movimentado tende a alimentar redes ilegais, como lavagem de dinheiro e corrupção. Além disso, ele contribui para um problema social significativo: o endividamento das famílias mais vulneráveis, que buscam nas máquinas uma “solução rápida” para problemas financeiros.
Efeitos na economia e no consumo
A popularização dos jogos de azar cria um paradoxo na economia. Por um lado, o setor formalizado, como os sites de apostas, pode gerar empregos diretos e indiretos, principalmente em áreas como tecnologia, marketing e regulamentação. Por outro, o descontrole sobre jogos ilegais prejudica a distribuição de renda e aumenta o custo social em áreas como saúde mental e assistência social.
Do ponto de vista do consumo, o vício em jogos reduz o poder de compra de famílias, impactando negativamente setores essenciais da economia. Em comunidades onde o “tigrinho” é prevalente, é comum observar a redução no consumo de itens básicos devido à priorização dos gastos com jogos.
Conclusão: equilíbrio entre oportunidades e riscos
A ascensão dos jogos de azar no Brasil é um reflexo das transformações econômicas e culturais do país. No entanto, para que essa prática contribua positivamente para a economia, é imprescindível que haja uma regulamentação eficiente, que considere tanto a arrecadação de impostos quanto a proteção social.
Enquanto isso, o governo precisa endurecer as medidas contra o jogo clandestino, como o “tigrinho”, e investir em campanhas de conscientização sobre os riscos do vício em apostas. Afinal, o verdadeiro ganho para a economia não está apenas na arrecadação, mas na construção de um ambiente econômico saudável e sustentável.