Cerca de 99% dos incêndios florestais no Brasil são provocados por atividades humanas, segundo a doutora em geociências Renata Libonati, coordenadora do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da UFRJ. Em uma entrevista à Agência Brasil, ela destacou que apenas 1% dos incêndios é causado por raios, ressaltando a gravidade da situação nos três principais biomas do país: Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Situação crítica nos biomas
Libonati coordenou o sistema Alarmes, que monitora os incêndios por meio de imagens de satélite. Os dados são alarmantes: até setembro de 2024, o Pantanal já havia perdido cerca de 12,8% de sua área, enquanto a Amazônia registrou cerca de 10 milhões de hectares queimados. O Cerrado, por sua vez, teve aproximadamente 11 milhões de hectares afetados. A pesquisadora enfatiza que este é o pior ano de incêndios desde que o monitoramento começou em 2012.
Incêndios e atividades econômicas
A pesquisadora liga a ocorrência dos incêndios ao uso da terra e às atividades econômicas, como a agropecuária e o desmatamento. “Esses incêndios, mesmo que não sejam intencionais, são, de alguma forma, criminosos”, afirma, considerando a proibição de queimas em regiões afetadas pela crise climática.
O fogo e seu impacto nos ecossistemas
Embora o fogo tenha um papel natural em biomas como o Cerrado e o Pantanal, Libonati alerta que a ação humana alterou o regime de fogo, tornando os incêndios mais intensos e destrutivos. A diferença entre o uso do fogo em ecossistemas sensíveis, como a Amazônia, e aqueles que dependem dele, é crucial para entender o impacto dessas queimadas.
O sistema Alarmes e a necessidade de prevenção
O sistema Alarmes, implementado em 2020, permite um monitoramento quase em tempo real dos incêndios, crucial para a gestão de emergências. Libonati destaca que a prevenção deve ser o foco principal, com ações como o manejo da vegetação e a educação ambiental. A nova lei de Manejo Integrado do Fogo, sancionada em julho de 2024, é um passo importante nesse sentido.
Mudanças climáticas e futuro da humanidade
Libonati conclui que as mudanças climáticas representam uma ameaça real à vida humana. “Nosso estilo de vida atual é incompatível com o bem-estar da nossa sociedade no futuro”, alerta, enfatizando a necessidade urgente de uma abordagem mais sustentável e consciente em relação ao uso dos recursos naturais.
Fonte: Agência Brasil