Quando o presidente Collor implementou o seu famoso “confisco” em 1990, ele atingiu as Cadernetas de Poupança, Contas Correntes, investimentos overnight, CDBs e Fundos de Renda Fixa. Porém, as ações permaneceram intactas. Mesmo as ações de empresas brasileiras custodiadas por instituições no Brasil não foram afetadas.
À primeira vista, isso pode parecer irrelevante, mas existe, de fato, uma maior dificuldade para o Estado se apropriar de valores mobiliários (como ações) em comparação com os valores em contas correntes e a maioria dos títulos de crédito (como CDBs). Esta diferença não representa uma barreira intransponível, mas investir em ações adiciona uma camada extra de proteção ao patrimônio, em comparação a deixá-lo em aplicações bancárias.
Mesmo em situações de execuções judiciais, o bloqueio de uma conta bancária ou poupança é significativamente mais simples do que a penhora de certos tipos de valores mobiliários. Obviamente, há estratégias muito mais sofisticadas do que investir em ações para proteger seu patrimônio: dolarização, offshores, trusts, Bitcoin, entre outros. Alguns leitores certamente listarão mais algumas opções nos comentários.
Contudo, essas opções não estão disponíveis para todos. Algumas, como a dolarização, eliminam o risco “Brasil,” mas não eliminam completamente o risco estatal. Portanto, acredito firmemente que o investimento em ações pode ser um primeiro passo (mas não o último) para o público geral adicionar camadas de proteção ao seu patrimônio.