Letícia Matos
Imbituba
Arrematada por R$ 13 milhões pela empresa Eraldo Construções junto a um grupo com mais quatro investidores de Tubarão, encerrou ontem a novela que já se estende por mais de cinco anos – o leilão da Indústria Cerâmica Imbituba (Icisa).
A história do leilão começou em 2003, quando a Icisa entrou em crise financeira. Seis anos depois, encerrou as atividades e deixou para trás uma dívida de quase R$ 413 mil em transações comerciais, fora os encargos trabalhistas. Em 2010, a justiça decretou a falência. Desde então, três leilões foram realizados. O primeiro foi em julho do ano passado, no valor de R$ 23,7 milhões. O segundo ocorreu em outubro do mesmo ano, já com um valor mais baixo: R$ 22 milhões. O terceiro foi no mês seguinte e teve um lance inicial de R$ 15,6 milhões.
O valor do leilão será usado para pagar inicialmente cerca de R$ 13 milhões em encargos trabalhistas e também R$ 413 mil em transações comerciais. Como este é o maior lance do leilão, o edital permite a entrada de R$ 45 mil, mais o parcelamento do restante do valor em até 24 vezes.
De acordo com o empresário Eraldo Tadeu da Rosa, o terreno arrematado será utilizado para a construção civil. “Vamos nos reunir com representantes da prefeitura de Imbituba e ver qual projeto se enquadra melhor para o município”, afirma.
O leilão realizado em frente ao fórum de Imbituba pela Damiani Leilões foi dividido em dois blocos: de bens imóveis, que compreendem imóveis em Imbituba, Içara, Biguaçu, Laguna e Urussanga, e de máquinas e equipamentos. As jazidas minerais, que integrariam um terceiro bloco, serão reavaliadas por determinação do juízo e vendidas por um outro leilão a ser designado posteriormente. Os trabalhadores comemoraram o momento do arremate.
A Indústria Cerâmica Imbituba
A Icisa teve origem em 1919 como Cerâmica Henrique Lage. Criada por Henrique Lage, tinha a finalidade de fabricar louças para suprir os navios passageiros da organização de Lage que, na época, faziam a linha Rio de Janeiro-Imbituba-Porto Alegre. Com o passar dos primeiros anos foi abolida a fabricação de louças e iniciada a produção de azulejos. Em 1941, com a morte do fundador, a cerâmica esteve à beira da falência. Gabriela Besanzoni Lage resolveu tentar salvar o fracasso da cerâmica, nomeando o diretor gerente, Dr. João Rimsa.
No início de 1942, a firma foi encampada pelo governo do presidente Vargas, mas por poucos meses. Com a administração geral do Dr. João Rimsa, a empresa passou a prosperar. Em 1951, a empresa já contava com 300 operários. Na década de 1990, quando a população era de 30 mil habitantes, a empresa chegou a ter 1,3 mil funcionários. A Icisa, junto com o porto, era o coração da cidade.