Desde a infância, Beatriz Lamper Martinez, de 48 anos, percebia que se sentia diferente das outras crianças. Sensibilidade excessiva e maturidade precoce eram algumas das características apontadas por sua mãe. Na adolescência, teve poucos amigos e, na vida adulta, enfrentou dificuldades de convivência e relacionamentos. Em 2024, aos 47 anos, recebeu o diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA), o que explicou anos de tratamento sem sucesso para ansiedade e depressão.
Principais desafios do diagnóstico tardio
O autismo em adultos é muitas vezes identificado tardiamente devido a:
- Falta de informação e acesso a diagnóstico especializado.
- Sintomas confundidos com transtornos como ansiedade e depressão.
- Más interpretação de sinais específicos do TEA em mulheres.
- Estigma social que minimiza dificuldades enfrentadas na infância e vida adulta.
A descoberta e seus efeitos na vida profissional
Beatriz percebeu que as crises frequentes de exaustão e isolamento não eram apenas sinais de transtornos emocionais, mas sim parte do TEA. No ambiente de trabalho, solicitou mudanças para reduzir o estresse sensorial, sendo transferida para um setor mais tranquilo. Também entrou com pedido de reconhecimento como pessoa com deficiência (PCD) para garantir direitos trabalhistas.
O caso de Cecilia Avila e a realidade de muitos adultos
A publicitária Cecilia Avila, de 24 anos, também enfrentou dificuldades desde a infância, com extrema sensibilidade a sons e texturas. Durante a adolescência, teve problemas para entender piadas e ironias. Aos 23 anos, recebeu o diagnóstico de TEA, percebendo que os desafios enfrentados ao longo da vida não eram meras “frescuras”, mas características do espectro autista.
A importância do diagnóstico correto
Para o psicólogo Leandro Cunha, identificar o TEA na vida adulta é essencial para:
- Melhor compreensão das dificuldades enfrentadas.
- Acesso a tratamentos e apoio adequado.
- Redução de impactos emocionais e sociais negativos.
- Inclusão no mercado de trabalho com adaptações necessárias.
O diagnóstico tardio pode ser um divisor de águas, permitindo que adultos entendam melhor suas limitações e fortalezas, garantindo mais qualidade de vida e bem-estar.