“As agências devem se transformar a todo momento, o que não pode mudar é o fato de ser um celeiro de ideias e soluções”

LILY FARIA
TUBARÃO

Como o mercado está enxergando o desenvolvimento da economia em 2019?
A partir do segundo semestre do ano passado, voltamos a sentir um otimismo no futuro. Tanto pelos nossos clientes, dos segmentos do varejo, marketing imobiliário e indústria que tiveram seus negócios reaquecidos, pelas outras empresas que fazem parte do nosso grupo e também as outras agências de publicidade, que sentiram melhoras. Como 2018 foi um ano intenso, com Copa do Mundo, eleições, era natural que fosse um pouco mais atípico, e isso foi sentido na economia. Mas ninguém parou e, quando as coisas foram se normalizando, a intensificação do consumo gerou uma boa expectativa. Como tivemos baixas de crescimento nos anos anteriores, a previsão geral do mercado é positiva dentro de uma recuperação gradual. Isso está se refletindo de um modo geral sobre todos os nossos segmentos de negócio.

Hoje, uma das pautas mais importantes é a da inovação. Como isso se faz presente no dia-a-dia das empresas?
Inovar é essencial. Todo mundo está se reinventando ou se adaptando, em absolutamente todos os segmentos. Hoje, a BrandX é uma das empresas que fazem parte de um grupo que atua nos setores de engenharia, infraestrutura e energia, com presença no Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil. E isso nos traz solidez, força corporativa e inteligência. Em todos esses segmentos, a transformação é constante, guiada pela tecnologia e inteligência. Seja pela utilização de Vants (veículos aéreos não tripulados) e imagens orbitais para a execução de sensoriamento remoto na expansão urbana e agrícola, seja nas energias renováveis que estão sempre em evolução e, principalmente na comunicação e marketing. Quase que diariamente surgem ferramentas que nos auxiliam em métricas, novos pontos de contato com consumidores, para entregar criatividade com eficácia e relevância.

Você já trabalhou em outros países, qual é a principal diferença entre o mercado publicitário europeu e o brasileiro?
A experiência profissional fora do Brasil é um divisor de águas, onde conseguimos ter uma percepção 360º dos negócios. Além disso, aprendemos a dar mais valor à disciplina, coisa que o mercado brasileiro ainda patina às vezes. Eu penso que se formos comparar mesmo em uma escala menor, como Sul e Norte do Estado, já percebemos grandes diferenças. Entre países então é algo gritante. Na Inglaterra, por exemplo, o mercado é ultra profissional, se investe pesado em planejamento e estratégia, muito antes da criação. Em Portugal é outra proporção, é um mercado menor, organizado e saudável. Aqui em SC, houveram diferentes momentos do mercado. Até 2015, 2016 onde existiam grandes estruturas, grandes verbas. Quando veio a crise, onde tivemos uma redução tremenda dos investimentos, as agências foram obrigadas a ficarem mais compactas e eficientes. Hoje isso é uma realidade, faz parte do nosso dia-a-dia e muitos colegas às vezes comentam “Nossa, tenho uma estrutura mais enxuta, que produz mais e lucra mais, como eu não pensei nisso antes?”.

Como as empresas de comunicação têm encarado os novos desafios?
O formato do nosso negócio está em constante transformação. O consumidor mudou e muitas de suas necessidades também. A rotina das agências não é a mesma. As coisas são fluidas e temos que estar propensos a uma adaptação. Claro, deve sempre existir o planejamento acima de tudo, mas temos que ser maleáveis. Já foi a era onde apenas passamos uma mensagem. Hoje, muito mais que vender uma marca é preciso contar uma história, ter personalidade e, aí sim, gerar receita. O que não muda muito é o grande desafio dos criativos de hoje, que é enxergar o todo, estar, entrar e fazer parte do momento do cliente, do planejamento, e entender a importância do resultado. E na parte das agências, o que não pode mudar é o fato de ser um celeiro de ideias e soluções. Nos nossos negócios primamos pela transparência, temos que ser brutalmente honestos com nossos clientes. Trabalhamos com números e investimentos altos.  Com isso, não podemos sempre passar a mão na cabeça, quando o cliente está errado, já que existem consequências financeiras reais.

Com essa mudança constante no mercado, qual é a maneira correta para uma empresa se preparar para o futuro?

A chave está em inteligência. A comunicação sempre vai existir, assim como o consumo. O que vai mudando com o tempo é a proporção de um meio sobre o outro. Claro, isso é uma variável que depende de diversas outras variáveis. A nossa realidade de mercado em Santa Catarina é muito diferente da de São Paulo. Mas um fato é que quando observamos a transformação do mercado, temos uma necessidade de criar um elo ainda mais forte entre o marketing e as vendas. Haverá mais mudanças na próxima década do que nos últimos 50 anos em praticamente todos os setores. O que está em voga no momento, é a importância da análise de dados como ferramenta de marketing, seja no varejo ou na indústria. O Big Data é focado em gerar inteligência a partir de análise de demografia, perfil econômico, de consumo, etc. No meio publicitário, isso auxilia nas análises de tendências, estratégias de campanhas mais direcionadas, mídia mais assertiva de acordo com o público alvo e muito mais. E é uma tecnologia que está se tornando mais acessível aos pequenos e médios empresários.