Moda, indústria, consumo e sustentabilidade

Foto: Divulgação/Notisul
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Professora Deisy D’Aquino Claudio
Coordenadora do Curso de Tecnologia em Design de Moda – UNISUL

Em tempos de mudanças sociais, é essencial repensar a cadeia da moda como um todo. Os temas relacionados aos pilares da sustentabilidade têm crescido significativamente não somente na área de moda, mas em todas de estudos e de atuação mercadológica. Neste contexto, a indústria da moda, uma das grandes causadoras de impactos ambientais e sociais, vem promovendo, aos poucos, mudanças no modo de operação de suas atividades, buscando encontrar soluções dentro de uma cadeia complexa, objetivando administrar, de maneira eficaz, as consequências ocasionadas na sociedade e meio ambiente.

O princípio desta cadeia produtiva têxtil possui como matéria-prima fibras e filamentos naturais, artificiais e sintéticos, que são a força motriz dessa indústria. Estas fibras e filamentos são transformadas em fios, que serão modificadas em tecidos planos e malhas e uma infinidade de produtos: peças de vestuário, cama, mesa e banho e substratos têxteis para a indústria automobilística, hospitalar, entre outros. Esses produtos são decorrentes de um complexo campo de estudos sobre tendências para satisfação das necessidades e desejos dos consumidores.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), o faturamento da cadeia têxtil e de confecção brasileira em 2017, foi de U$ 51,58 bilhões. O setor é o segundo maior empregador da indústria de transformação no país, compreendendo aproximadamente 30 mil empresas, gerando anualmente 1,5 milhões de empregos diretos e renda indireta para oito milhões de trabalhadores, sendo 75% dessa mão de obra feminina.

Porém, esse setor produz alguns impactos sociais como a usurpação da mão de obra. Mas em geral, a preocupação de quem compra é buscar um preço melhor, uma roupa mais barata, e ao mesmo tempo, esteticamente bela. Essa atitude pode começar a mudar se o consumidor for introduzido a realidade da confecção têxtil mundial, onde com uma frequência maior do que se pode imaginar, encontram-se imigrantes trabalhando em porões, contêineres e prédios cujas condições de segurança e higiene são altamente comprometidas.

Outro impacto causado pelo setor é o ambiental. É pouco provável que ao comprar uma camiseta de algodão convencional o consumidor pense que está comprando um produto que até chegar às suas mãos consumiu em média 160 gramas de agrotóxicos, quantidade que causa sérios danos ao solo, água e à saúde daqueles que trabalharam em seu cultivo.

Além dos impactos citados, a indústria têxtil possui um elevado potencial de geração de resíduos sólidos. Dentre as etapas de maior impacto estão a tecelagem e o corte do tecido, que geram uma quantidade significativa de pelos, buchas e retalhos. Todos esses resíduos podem ser transformados em estopas ou enchimentos para travesseiros, edredons, bichos de pelúcia, entre outros.

No mundo globalizado é preciso, acima de tudo, buscar um novo olhar para essas questões. Tais preocupações não limitam a criatividade, ao contrário, constituem-se em desafios, em reaproveitar o que temos e lançar novas possibilidades de construção. A indústria têxtil vem ganhando impulso em relação a esse tema, graças a incontáveis ações de empresas, grupos e marcas que acreditam na possibilidade de criar um novo futuro, com propósito de tornar a moda positiva, atendendo o desenvolvimento sustentável, utilizando matérias-primas ecologicamente corretas, respeitando as leis trabalhistas, levando em consideração o impacto da produção no meio ambiente e garantindo a cooperação entre produtor e comunidade local.

Você sabia?
O curso de Tecnologia em Design de Moda da Unisul, campus Tubarão, possui um espaço para criar e colocar em prática suas ideias. O ateliê é um dos lugares mais importantes para o curso, porque é onde se aprende a modelagem, corte e costura. Ele inspira a criatividade, a partir das cores, da decoração, da animação e da estrutura em si.

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