Descanso – você está fazendo isso muito errado

Nestes dias agitados aqui na farmácia, tenho notado como meus clientes e amigos têm reclamado do cansaço; são as contas a pagar, o cuidado com os filhos, a dinâmica do trabalho. De vez em quando alguém suspira no balcão pelas futuras férias de final do ano. O termo férias, de algum modo, tem uma conexão com descanso. Mas é interessante pensar que o remédio (farmacêutico escrevendo é assim, rs) para o cansaço nem sempre são as férias. Quantos são aqueles que, quando retornam do período de férias, dias depois já estão esgotados?

Afinal de contas, quem disse que o cansaço tem relação com aquilo que fazemos? Alguns se cansam por trabalhar demais; outros por não trabalharem. Então, fazer cansa? Sim. E não fazer? Cansa também.

Interessante…
Alguns exclamam “estou cansado de ficar sozinho”, ao passo que outros estão cansados do casamento. Então, estar só cansa, e estar casado também? Agora raciocine comigo: como alguém cansado de estar só descansa? Colocando alguém do seu lado? E quem está cansado de companhia? Manda embora o outro?

Alguns mudam a aparência. Tingem o cabelo, cortam, alisam, encrespam…e depois de algum tempo, continuam cansados. Eram cansados feios… agora são cansados bonitos.
Mas afinal de contas, onde encontrar o descanso de verdade?

Antes de tratar do que fazer, vamos falar do que não fazer. Para isso, vamos voltar nosso olhar para o livro de Eclesiastes.

Originalmente chamado de qohelet (do hebraico: qōhele), Eclesiastes é o terceiro livro da terceira seção (Ketuvim) da Bíblia hebraica e um dos livros poéticos e sapienciais do Antigo Testamento da Bíblia. O termo qohelet significa “aquele que reúne”, mas que é tradicionalmente traduzido como “professor” ou “pregador” em português.

Seu autor, Salomão, foi um dos homens mais ricos que já existiu. Na juventude ele escreveu Cantares, uma ode ao amor. Na maturidade, deixou o legado do livro de Provérbios, uma compilação de frases curtas repletas de conselhos e sabedoria. E já avançado de idade, ele escreve sobre a vida – esse é o livro de Eclesiastes. Ele coloca no papel uma grande reflexão sobre a vida e o que ela poderia lhe proporcionar. E, claro, ele fala sobre o cansaço.

No capítulo 2, ele narra a busca por encontrar refrigério para sua alma – sua jornada o leva a bebida “…deliciei meu coração com vinho” (2.1). Não funcionou.

Quem sabe focar no trabalho? Ele escreve “fiz para mim obras grandiosas. (2.4). Nada.
Talvez a resposta esteja nas festas, baladas (…e dos prazeres dos filhos dos homens: várias mulheres (verso 8). Também não funcionou.

Você consegue perceber? Os métodos “modernos” de saciar a alma – noitadas, trabalho em demasia, prostituição – não podem e nunca poderão trazer o descanso que precisamos. Porque este descanso aqui não é físico, e nem psicológico…é da alma.

Sabendo disso, Jesus nos convida a experimentar o verdadeiro descanso:
“Vinde a mim todos os que estais cansados carregados, e eu vos fazer descansar. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossas almas (Mt 11.28-9).

Interessante notar que Jesus usa o exemplo pastoril de uma canga, instrumento usado para conectar dois animais no trabalho do campo, técnica que diminuía a carga de trabalho deles. Tomar o jugo com Jesus é trazê-lo para nossa realidade, e na força dEle superar as vicissitudes da vida.

O ponto de virada, então, é descobrir a origem do cansaço e como encontrar descanso. Uma boa noite de sono traz descanso para o corpo. Um tempo à mesa com os amigos é remédio para o coração. Mas para todas as almas cansadas de uma vida sem sentido, o lugar de refrigério chama-se Jesus.