Esse é um importante aviso de utilidade pública: não vá para as Termas

Mas calma. Não estou falando das Termas do Gravatal; são outras termas. Você já vai entender.

Antes, pense um pouco sobre os momentos de pressão que você vive (ou já experimentou). Sabe quando tudo perde sentido? Quando as verdades não são mais tão verdadeiras? Quando trocamos a expressão “claro que é” por “será” em nosso vocabulário? Interessante como o ser humano é avesso à dor. Choramos desde pequenos quando a dor chega. De fato, ela é benéfica quando entendemos seu papel como um sinal de alerta de que algo não vai bem. Mas via de regra, encaramos a dor pelo seu lado negativo.

Vivemos hoje dias um tanto quanto imediatistas, se é que podemos definir assim. Não temos paciência com filas, senhas, engarrafamentos e outras coisas que muitas vezes nos tiram do sério. Aliado a isso, as peças publicitárias (independente do tipo de produto anunciado) prometem entregar satisfação “aqui e agora”.

O resultado?
Uma geração que não suporta a dor. São homens e mulheres errantes em suas emoções, ao sabor das circunstâncias. O reflexo vemos no alto número de divórcios, crianças abandonadas, indiferença com próximo. E a falta de um firme fundamento, de uma âncora na alma em momentos de pressão pode fazer nosso “barco da vida” naufragar.

São momentos assim que perdemos o rumo da vida.
Isso aconteceu com dois discípulos de Jesus. A história deles está descrita no Evangelho de Lucas, capítulo 24. Os acontecimentos repentinos de Jerusalém ainda ecoavam em suas mentes.

A esperança messiânica desaparecera. O texto diz que eles estavam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, partindo de Jerusalém. Algumas semanas antes, eram dois amigos que seguiam de perto os ensinamentos de Jesus. No entanto, o Mestre havia morrido e nada mais restava, a não ser “colocar o pé na estrada”.

Quantos de nós, de tempos em tempos, temos essa mesma vontade? Deixar tudo para trás, recomeçar. Como diz um personagem da minha saga predileta (Star Wars), Kylo Ren em certa ocasião afirma: “deixe o passado morrer”.

Como fruto da esperança agora sepultada no Calvário, eles partem da cidade de Jerusalém (do hebraico “Cidade da Paz”) e rumam a Emaús (que significa “fonte das águas termais”). Há um simbolismo significante aqui: de certo modo, aqueles dois trocaram a verdadeira Fonte de Águas Vivas (Jo 7.37) por uma fonte qualquer.

Quantas vezes fazemos a mesma coisa? A promessa não se cumpre, os sonhos não se realizam, o desânimo vem. E lá vamos nós, deixando Jerusalém para trás e indo saciar a “sede da alma” com qualquer outra coisa.

Em certo trecho da estrada, alguém se aproxima e começa a caminhar com eles. Era Jesus, mas eles não O reconheceram. A tristeza faz isso conosco: perdemos a capacidade de discernir a companhia do Mestre ao nosso lado.

Jesus então pede a razão de tanta tristeza, e eles narram melancolicamente sobre as últimas notícias da Cidade Santa. Jesus então mostra, a partir das Escrituras, como o Messias deveria sofrer pelos pecados, afastar a ira de Deus sobre os eleitos e então ressuscitar ao terceiro dia.

Vale a pena ressaltar este ponto: a fé verdadeira é confirmada não com sinais, milagres ou feitos extraordinários; mas o homem é conduzido a Jesus apenas pela Palavra de Deus. Não há atalhos, desvios ou caminhos alternativos.

Só então aqueles homens percebem quem estava caminhando com eles: o próprio Senhor ressurreto.

O que Jesus fez com eles, Ele ainda faz nos dias de hoje. Ele vai de encontro ao coração cansado e traz o sopro de vida. Aliás, Jesus está mais perto dos que tem dúvidas e medo do que dos confiantes e autossuficientes. Afinal de contas, Ele veio buscar gente perdida, como eu e você.